Rússia cresce como corredor de transporte Ásia-Europa

Sokolov: "Trocas comerciais entre países asiáticos e europeus, incluindo a Rússia, dobra a cada ano"

Sokolov: "Trocas comerciais entre países asiáticos e europeus, incluindo a Rússia, dobra a cada ano"

Maksim Blinov/RIA Nôvosti
Às vésperas do Fórum Internacional do Ártico, que será realizado na cidade russa de Arkhanguelsk em 29 a 30 de março, o ministro russo dos Transportes, Maksim Sokolov, conversou com a Gazeta Russa sobre os planos para desenvolver a Rota do Mar do Norte, a linha de alta velocidade Moscou-Kazan, e novos quebra-gelos.

Gazeta Russa: Durante o Fórum Econômico Oriental, em Vladivostok, empresas sul-coreanas e japonesas mostraram interesse na Rota do Mar do Norte. Quando o projeto será concluído e em que pé está agora?

Maksim Sokolov: O projeto da Rota do Mar do Norte pressupõe a modernização de portos marítimos, e, em 2016, o volume total de transporte de carga ao longo da rota foi de cerca de 7,5 milhões de toneladas, o que indica um crescimento excepcional de quase 40%. Hoje, a rota é usada sobretudo para exportar recursos naturais extraídos no Ártico e transportar produtos vitais aos vilarejos no Extremo Norte.

Em 2020, planejamos extrair 16,5 milhões de toneladas de gás natural liquefeito e cerca de 2 milhões de toneladas de gás condensado do golfo do Ob graças à conclusão do projeto “Yamal LNG”. Além disso, a expectativa é que a exploração dos depósitos de Novoport pela Gazprom gere uma produção anual de cerca de 8,5 milhões de toneladas de petróleo bruto. Isso significa que as remessas aumentarão em 2017.

Nos últimos dois anos, lançamos um dos mais poderosos quebra-gelos do mundo, o Víktor Tchernomirdin, cuja capacidade é de 25 MW. Além disso, existem dois quebra-gelos movidos a diesel, o Murmansk e o Vladivostok, cada um com capacidade de 16 MW, bem como o quebra-gelo Novorossisk. Todos esses navios podem atravessar calotas de gelo com quase 1,5 metro de espessura.

Dispomos, no total, de oito quebra-gelos: quatro de propulsão nuclear, e outros quatro a diesel. Também estamos avaliando a construção de dois quebra-gelos nucleares do Projeto 22220 até 2025, bem como um quebra-gelo com capacidade de 110 MW.

Recentemente, empreendemos diversos esforços para eliminar os riscos de vazamento de petróleo e garantir a segurança dos navios ao longo da Rota do Mar do Norte. Tais questões são regulados pelo Código Polar, que entrou em vigor em 1º de janeiro. O documento também define os requisitos para os navios que navegam na rota.

GR: Apesar da promessa de investimentos chineses e do interesse demonstrado pela Siemens e pelo Deutsche Bank, a construção da ferrovia de alta velocidade Moscou-Kazan foi adiada. Você sabe quando o projeto terá início? Há outros semelhantes?  

Sokolov: Estamos negociando com parceiros chineses, alemães e outros, e o projeto está em andamento. A Russian Railways planeja concluir a linha ferroviária de alta velocidade Moscou-Kazan de maio a junho de 2017.

A empresa já realizou uma inspeção em nível ministerial de uma série de novas linhas ferroviárias, como a Jeleznodorojni-Vladímir. Além disso, a Ernst & Young fez uma auditoria tecnológica e de preços positiva para a linha Moscou-Níjni Novgorod.

Quebra-gelo nuclear rumo ao Polo Norte (Foto: Vladímir Astapkovitch/RIA Nôvosti)Quebra-gelo nuclear rumo ao Polo Norte (Foto: Vladímir Astapkovitch/RIA Nôvosti)

Isso é mais do que apenas construir novas linhas ferroviárias. É preciso fazer inovações tecnológicas e tomar novas decisões, envolvendo mais de 50 engenheiros e instituições científicas russas.

GR: Atualmente, muito se fala sobre a linha ferroviária da Nova Rota da Seda, ao longo da qual trens de carga da China viajarão para a Europa através da Rússia. Em 2016, o trânsito de carga através do território russo aumentou em 36%. Há planos de aumentar ainda mais esse volume? A infraestrutura da Rússia permite isso?

Sokolov: Acreditamos que o futuro corredor da Nova Rota da Seda será usado para entregas pontuais de carga.

As trocas comerciais entre países asiáticos e europeus, incluindo a Rússia, dobra a cada ano, e este é o principal fator para a demanda de transporte de carga de alta velocidade. A Rússia tem condições de ajudar o corredor terrestre eurasiático a se tornar altamente competitivo em relação às rotas marítimas e aéreas.

Para atingir esses objetivos, precisamos criar o corredor de transporte de alta velocidade eurasiano Moscou-Pequim e seu segmento piloto, a linha Moscou-Kazan. Estamos estudando o modelo de financiamento e investimento do projeto, a legislação pertinente, questões de localização da tecnologia e da produção, bem como o fornecimento de material circulante e equipamentos russos. Até então, conseguimos acordos importantes na busca por produtores nacionais de material circulante.

GR: No início de 2017, a Russian Railways anunciou planos de começar a trabalhar nos Balcãs, e, nos próximos meses, a empresa russa espera adquirir uma participação em uma empresa sérvia que trabalha com manutenção de infraestruturas. Em paralelo, a estatal planeja também abrir uma subsidiária na Grécia. Por que a Rússia está interessada na infraestrutura dos países da península balcânica?

Sokolov: Considerando os planos e as necessidades da infraestrutura de transporte regional dos Balcãs, a Russian Railways tem a capacidade e está pronta para realizar projetos conjuntos. Na Sérvia, já estamos modernizando as ferrovias existentes e construindo novas linhas. Além disso, locomotivas a diesel russas, para o transporte de passageiros, foram enviadas à Sérvia antes do previsto.

Em janeiro passado, a Russian Railways International e a grega Ergose assinaram um acordo que prevê a cooperação em projetos de construção e modernização de infraestruturas ferroviárias, bem como trabalhos de concepção e consultoria.

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