Fim da crise russa?

Chuvalov: "Economia russa passará a crescer a um ritmo de 1% ao ano em 2017".

Chuvalov: "Economia russa passará a crescer a um ritmo de 1% ao ano em 2017".

Anton Vaganov/TASS
Governo afirma que economia começará a crescer em breve, mas analistas se mantêm céticos.

No final de novembro, o vice-premiê russo Ígor Chuvalov declarou que o país já passou pelo pior e está saindo da crise financeira. Segundo ele, em 2017, a economia do país passará a crescer a um ritmo de 1% ao ano.

Além disso, o governo afirma que os rendimentos da população não cairão mais.

“Em 2017, crescimento do bem-estar vai se tornar uma tendência para todas as classes sociais", disse Chuvalov.

O vice-premiê também declarou que o sistema financeiro está sendo estabilizado e reforçado.

"O setor bancário está cada vez mais forte. As companhias de seguros também estão em um período de formação de um novo mercado de seguros [...] todo o sistema financeiro e bancário está se tornando mais estável", disse.

A posição oficial do Estado é clara: a economia atingiu o fundo e está emergindo lentamente.

Mas economistas acreditam que, apesar do crescimento do PIB, a qualidade de vida e o nível de renda dos russos não mudarão.

O presidente do comitê para o mercado financeiro da câmara dos deputados da Rússia, Anatóli Aksakov, concorda que houve uma mudança radical no desenvolvimento econômico.

"A partir do terceiro trimestre, estamos testemunhando crescimentos na indústria e na agricultura. A situação dos rendimentos reais da população também está melhorando: os salários crescem mais rapidamente do que a inflação. Obviamente, no próximo ano, o PIB começará a crescer”, diz Aksakov.

Para ele, o fator-chave para a tendência econômica positiva é a adaptação da economia a sanções e preços mais baixos do petróleo.

“Quando a economia está em crise, sempre ocorre um reagrupamento interno das forças. A economia, como um organismo vivo, mobiliza os recursos internos para vencer a doença”, completa.

O diretor do departamento de mercados de capitais internacionais do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia das Ciências da Rússia, Iakov Mírkin, diz que os funcionários do governo devem criar expectativas positivas.

“O aspecto psicológico é muito importante para o crescimento econômico. No entanto, na verdade, a economia da Rússia depende totalmente dos preços das commodities, da cotação do dólar e da demanda física por combustível”, explica.

Segundo ele, hoje, as finanças globais são extremamente voláteis.

“Devido à política do novo presidente americano, a volatilidade aumentará ainda mais, o futuro da situação econômica na Rússia é muito incerto, podemos sair ou enfrentar uma nova onda da crise”, diz Mírkin.

O diretor de macroeconomia da corretora Otkrítie Broker, Serguêi Khestanov, não espera uma recuperação financeira.

“A melhor das hipóteses é que o nosso mercado atingiu o fundo e começou a cavar. É verdade que a queda da economia russa desacelerou, mas à custa de cortes de gastos em todos os níveis”, diz Khestanov.

“No que diz respeito aos salários, prefiro ser muito mais cauteloso. O setor informal é muito importante e difícil de analisar. É muito mais fácil analisar o parâmetro indiretamente relacionado aos salários - o volume de negócios do comércio a varejo, que, em 2016, caiu 15%.”

Segundo ele, a economia conseguiu se adaptar, do ponto de vista do consumidor, mas, na verdade, só quando o volume de negócios deixar de cair e permanecer estável por três a seis meses, é que se pode afirmar que os salários começam a crescer.

“Não podemos negar que as pessoas estão poupando ativamente. Esse comportamento assustado do consumidor mostra que ele ainda teme o futuro agravamento da situação e não acredita que a economia tenha passado pelo pior”, completa Khestanov.

Publicado originalmente pelo portal Lenta.ru.

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