OPEP e Rússia limitam volumes de produção de petróleo

Com aumento dos preços, petrolíferas também passam a explorar novas jazidas, reforçando posição do petróleo diante de óleo de xisto.

Com aumento dos preços, petrolíferas também passam a explorar novas jazidas, reforçando posição do petróleo diante de óleo de xisto.

Reuters
Moscou é principal responsável por congelamento, de acordo com especialistas

A decisão, na última quarta-feira (30), da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de congelar a produção de petróleo já gerou reações no mercado e flutuações na Rússia.

Como consequência, o rublo se fortaleceu de maneira acentuada, e seu valor subiu 10% em relação ao dólar americano e ao euro. 

Além disso, o preço do petróleo russo Urals também subiu 9%, chegando a US$ 47,51 por barril.

Economistas explicam que o fortalecimento da moeda e o crescimento dos preços do petróleo aconteceu não devido à decisão da OPEP, mas também ao posicionamento russo. 

“A decisão da OPEP é histórica: por oito anos a organização não conseguiu chegar a um acordo sobre o assunto, e nos últimos dois anos seus membros travaram uma guerra de preços”, diz o analista da consultoria Teletrade Group, Olég Bogdánov.

Para ele, a Rússia sempre desempenhou papel importante nas negociações.

“O congelamento dos volume de produção se tornou possível apenas no final de novembro deste ano, após encontro entre representantes da OPEP e o ministro da Energia da Rússia, Aleksandr Novak, em Viena", explica.

Durante o encontro, a Rússia concordou em limitar a produção a 300 mil barris por dia.

"A OPEP e a Rússia mostraram que o mercado de petróleo está sob controle e pode ser regulado, dependendo da situação da economia global", completa Bogdánov.

“Os produtores do petróleo aumentaram persistentemente os volumes de produção o ano todo, o que poderia ter levado a um novo colapso no mercado, devido à acumulação excessiva de reservas. A decisão de congelar a produção diminuir a competição e levar à estabilização do mercado”, acredita o analista da corretora Otkrírie Broker, Andrêi Kotchetkóv.

Em fevereiro de 2016, o Ministro da Energia russo, Aleksander Novak, sugeriu que a Arábia Saudita, o Qatar e a Venezuela congelassem a produção de petróleo ao nível de janeiro.

Mas a Arábia Saudita se recusou a assinar o acordo devido ao retorno do Irã ao mercado.

Após o levantamento das sanções, o Irã estava tentando recuperar sua parcela do mercado e aumentou a produção de 1,5 milhão a 2 milhões de barris por dia.

Em setembro de 2016, porém, o presidente russo Vladímir Pútin declarou que seria possível congelar a produção, mesmo sem a participação do Irã.

Novas jazidas

“O aumento dos preços para os US$ 53 ou US$ 55 por barril vai forçar os produtores de petróleo em países fora do cartel a aumentar a produção”, explica o professor da Escola Superior de Gestão Corporativa da Academia Presidencial da Economia Nacional e Administração Pública da Rússia, Ivan Kapitónov.

Segundo ele, frustaram-se as esperanças de que os produtores de petróleo de xisto vão à falência.

“Além disso, com o aumento dos preços, as petrolíferas também passarão a explorar novas jazidas”, diz Kapitónov. 

Quando o preço do petróleo ultrapassou a linha dos US$ 45 por barril, houve um aumento mensal no número de poços de perfuração nos EUA. 

Entre agosto e outubro de 2016, o número médio desses subiu de 464 para 544.

"Assim, devemos esperar um aumento dos preços e o crescimento da produção nos Estados Unidos para os próximos três ou quatro meses ", diz Kapitónov.

Para ele, essa tendência poderá, no futuro, levar a uma nova queda dos preços do petróleo.

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