País quer moeda fraca para estimular exportações

BC russo parou de regular a taxa de câmbio do rublo no final de 2014

BC russo parou de regular a taxa de câmbio do rublo no final de 2014

Kommersant
Governo russo pediu ao Banco Central do país que lute contra o fortalecimento do rublo.

O governo russo não está satisfeito com o fortalecimento da moeda nacional russa.

“O fortalecimento excessivo do rublo provoca perdas e o BC tem que agir com urgência", declarou, no final de julho, Aleksêi Belousov, um dos conselheiros econômicos do presidente russo.

O Banco Central respondeu que não planeja deixar o regime de câmbio flutuante e influenciar na cotação da moeda russa.

"A taxa de câmbio flutuante é um sistema de estabilização da economia que já provou sua eficácia”, declarou o porta-voz do regulador russo.

O BC parou de regular a taxa de câmbio do rublo no final de 2014.

O regulador se recusou a comprar dólares ou vender rublos para manipular o valor do rublo.

Como resultado, a moeda russa perdeu 60% do valor em relação ao euro e ao dólar norte-americano.

Principais motivos

De acordo com o BC, no primeiro semestre de 2016, o rublo cresceu 12% em relação ao dólar norte-americano e 10,5% em relação ao euro.

Isso causou preocupação nas empresas orientadas para os mercados estrangeiros.

Um rublo fraco beneficia os exportadores, que, assim, aumentam seus rendimentos em rublos, explica o analista financeiro Andrêi Kochetkov. 

"Todos os exportadores que pagam em rublos e recebem em moeda estrangeira estão interessados no rublo fraco”, diz o analista financeiro da consultoria TeleTrade, Mikhail Poddúbski.

Já os importadores, os consumidores que recebem em rublos e os produtores estrangeiros querem fortalecer a moeda russa.

"Na Rússia, as crises de 1998, 2008 e 2014, ocorreram quando o rublo esteve excessivamente forte", explica Konstantin Koríschenko, chefe do departamento de técnicas financeiras da Academia Presidencial da Economia Nacional e Administração Pública da Rússia.

Segundo ele, um rublo forte leva à redução da inflação, à diminuição dos preços dos produtos importados e das viagens ao exterior, mas, ao mesmo tempo, provoca a redução das despesas orçamentais. 

"Os preços do petróleo começaram a subir lentamente, mas as taxas russas permanecem elevadas. Isso cria boas condições para especulações de curto prazo", diz Koríschenko.

Para ele, as tentativas de especulação provocam ondas periódicas de fortalecimento do rublo.

Diferentes opções

“No início do verão de 2013, o ministro das Finanças, Anton Siluanov, declarou que as receitas de petróleo não cobrem mais o deficit orçamentário. A desvalorização do rublo deveria resolver a situação”, diz Kotchetkov.

A rígida ligação entre o rublo e os preços do petróleo permite que o Ministério das Finanças elabore um orçamento mais flexível e receba mais rublos pela mesma quantidade de dólares.

No entanto, os objetivos do Ministério das Finanças não correspondem aos objetivos do BC.

Para Kotchetkov, o regulador visa a desacelerar a inflação, enquanto o Ministério das Finanças não tem esse objetivo. 

Assim, o BC precisa da moeda estável, mas o Ministério precisa manter os preços do petróleo.

“Nesta situação, o BC quase perdeu sua influência sobre a taxa do rublo, adotou a taxa de câmbio flutuante e está tentando combater a inflação com ajuda das taxas de juros”, diz Konstantin Koríschenko. 

Além disso, o BC se recusou a realizar intervenções cambiais, mas não exclui a possibilidade de voltar a essa prática no futuro.

"Isso significa que, no caso de um fortalecimento excessivo do rublo, o regulador pode começar a acumular moedas estrangeiras para preencher as reservas cambiais", completa Koríschenko.

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