“Economia russa é mais estável hoje do que há alguns anos”

Roubini: “O Brexit é um choque regional e não mundial”

Roubini: “O Brexit é um choque regional e não mundial”

Reuters
Economista norte-americano prevê divisão da UE após Brexit e crescimento da Rússia.

O economista americano Nouriel Roubini, que previu a crise financeira global de 2008, falou sobre os desafios da economia mundial, o futuro da União Europeia e o crescimento econômico da Rússia durante o Congresso Financeiro Internacional de São Petersburgo, que aconteceu entre 29 de junho e 1º de julho.

UE após o Brexit

“O Brexit é um choque regional e não mundial. É incorreto compará-lo com a falência do banco Lehman Brothers, que em 2008 levou à crise financeira global”, acredita Roubini. Embora o Brexit já tenha causado um aumento da volatilidade financeira e o enfraquecimento do iene japonês, o seu impacto sobre os ativos nos Estados Unidos e nos países em desenvolvimento não foi significativo, e os mercados mundiais reagiram aos resultados da votação no Reino Unido com moderação. No entanto, Roubini acredita que o Brexit pode iniciar um efeito dominó nos países europeus, com consequências mais graves no futuro.

"O desejo do Reino Unido de sair da União Europeia pode levar à desintegração da Europa", disse o economista. O Brexit é uma crise que poderá prejudicar o mercado único da UE e levar à desintegração do acordo de Schengen. "Se o Reino Unido sair, a Escócia e a Irlanda do Norte também mostrarão o desejo de se separar. Do mesmo modo, a Catalunha tentará se separar da Espanha, enquanto a Suécia e a Dinamarca poderão declarar que a União Europeia sem o Reino Unido é a zona do euro, da qual não querem fazer parte, e tentarão sair do bloco”, explicou.

Além disso, os países da UE estão cansados da política de austeridade. “Em primeiro lugar, o Brexit afetará a economia britânica, que enfrentará uma desaceleração do crescimento econômico e o declínio de investimentos”, disse Roubini.

Países em desenvolvimento

"Apesar dos problemas estruturais, hoje, o sistema econômico russo é muito menos vulnerável e muito mais estável do que era alguns anos atrás. Nos últimos dois anos, a economia russa enfrentou não só as sanções ocidentais e a queda dos preços do petróleo, mas também a desaceleração econômica da China", disse Roubini. Segundo ele, no futuro próximo, a economia russa poderá alcançar um crescimento de 1 a 2% por ano.

"Ao contrário da Arábia Saudita, que decidiu que a queda dos preços do petróleo é uma circunstância temporária e não mudou nada em sua economia, a Rússia reagiu corretamente. Em particular, o governo russo alterou a política de crédito e focou em metas de inflação, em vez de garantir o crescimento econômico”, disse Roubini. Segundo ele, os principais riscos para a Rússia são o declínio dos rendimentos reais e a instabilidade social.

Ao mesmo tempo, os riscos globais para os países em desenvolvimento não desapareceram. "Hoje, o processo de globalização beneficia os países que têm especialistas altamente qualificados, capazes de desenvolver produtos tecnicamente sofisticados. Os países com uma força de trabalho pouco qualificada estão perdendo a corrida da globalização ", disse o economista.

Além disso, o envelhecimento da população nos países desenvolvidos leva ao declínio de investimentos e do consumo e desacelera o crescimento da economia mundial. A população está envelhecendo não só nos EUA e no Japão, mas também na China e na Rússia. No entanto, segundo Roubini, os riscos globais existentes não podem levar a uma nova crise financeira internacional.

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