Quatro razões para uma reconciliação entre a Rússia e a Turquia

Tangerinas turcas à venda em banca de Omsk, no oeste da Sibéria

Tangerinas turcas à venda em banca de Omsk, no oeste da Sibéria

Aleksêi Malgavko/RIA Nôvosti
Benefícios vão de importação de frutas e legumes a retomada de construções.

Na última quarta-feira (29), o presidente russo, Vladímir Pútin, disse em uma conversa por telefone com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, que havia dado instruções ao governo para iniciar conversações com a Turquia sobre a retomada da cooperação comercial e econômica entre os dois países.

Especialistas acreditam que há razões objetivas para essa reconciliação. A ruptura das relações prejudicou ambos os países. "A Turquia reconheceu que, devido às sanções russas, o país está perdendo US$ 9 bilhões por ano, o que representa mais de 1,2% do PIB", disse Geôrgui Váchenko, da empresa de investimentos russa Freedom Finance. As maiores perdas provêm do turismo (mais US$ 5 bilhões) e do setor têxtil (mais de US$ 1,2 bilhão). Segundo estimativas russas, as perdas turcas ultrapassam US$ 11 bilhões por ano e há quatro fortes motivos para que os países retomem suas relações.

1. A Turquia é o segundo maior consumidor mundial de gás russo.

Em 2015, a Gazprom, maior produtora de gás da Rússia, forneceu à Turquia 26,9 bilhões de metros cúbicos de gás, o que corresponde a 55% de todo o gás consumido pelo país.

Além disso, em dezembro 2014, a Gazrprom e a petrolífera turca Botas assinaram um acordo para a construção do novo gasoduto Turkish Stream, que ligará a Rússia e a Turqia através do Mar Negro, com uma capacidade de transporte de 63 bilhões de metros cúbicos por ano. O projeto havia sido congelado após a ruptura das relações entre os dois países, mas, como a Turquia não conseguiu encontrar exportadores de gás alternativos, continuou recebendo gás russo através de gasodutos já existentes.

Segundo o porta-voz da Gazprom, após a normalização das relações, a empresa russa estará disposta a retomar o diálogo sobre o novo gasoduto.

2. A Turquia é o maior mercado estrangeiro do banco Sberbank

A parte mais significativa dos ativos estrangeiros do maior banco russo, o Sberbank, encontra-se na Turquia. Em junho de 2012, o banco russo adquiriu o turco Denizbank por US$ 3,5 bilhões. Do ponto de vista financeiro, esse investimento não foi bem-sucedido, já que a capitalização do banco turco sofreu constantes quedas e, em junho de 2016, caiu até US$ 2,6 bilhões.

De acordo com o jornal russo “Védomosti”, o Sberbank pretendia vender esses ativos, o que foi negado oficialmente. Hoje, o Denizbank representa 9% dos ativos do Sberbank no extrerior.

3. Frutas e legumes turcos voltarão à Rússia

Após a ruptura das relações, a Rússia introduziu a proibição de importar alimentos da Turquia, que durante um longo tempo foi o principal fornecedor de frutas e legumes para o mercado russo. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Econômico russo, durante os primeiros quatro meses deste ano o volume de importações de alimentos turcos caiu US$ 274,6 milhões, chegando próximo a zero.

4. Construtoras turcas retomarão projetos na Rússia

Os turcos construíram e renovaram diversos edifícios importantes em Moscou. Por exemplo, a empresa turca Enka renovou o edifício da Duma de Estado (câmara baixa do parlamento russo), enquanto a empresa Renaissance Constructioin construiu a sede da Gazprom em São Petersburgo.

Segundo o jornal “Kommersant”, antes do conflito, o volume de negócios das construtoras turcas na Rússia era de US$ 773 milhões. Após a deterioração das relações, as empresas turcas puderam apenas terminar os projetos em andamento.

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