Rublo dobra participação em transferências internacionais

Enfraquecimento de moedas de países da CEI valoriza moeda russa na região

Enfraquecimento de moedas de países da CEI valoriza moeda russa na região

AFP/East News
Volume de transferências internacionais em rublos cresceu 50% no primeiro quadrimestre. Movimento se deve sobretudo à desvalorização de moedas da CEI em relação ao dólar.

O volume de transferências em rublo enviadas ao exterior por não residentes atingiu os 30,3 bilhões de rublos (US$ 4,7 milhões) nos primeiros quatro meses de 2016, o que representa um aumento de quase 50% em comparação com o mesmo período do ano passado. As informações foram divulgadas em um relatório do Banco Central russo.

Como ao longo do ano as transferências monetárias em outras moedas diminuíram 7,8%, para 35,9 bilhões de rublos (US$ 545 milhões), a porcentagem de remessas em rublo transferida ao exterior por migrantes aumentou, em pouco mais de 12 meses, de 34,3% para 45,8%.

Os dados estatísticos do Banco Central mostram um crescimento recorde das transferências em rublo por não residentes ao longo dos últimos dois anos, com um acréscimo de 5,5% em 2015. Enquanto isso, as transferências em moeda estrangeira por não residentes continuaram a cair. No ano passado, a queda, ainda mais expressiva do que em 2016, foi de 13,7%.

O montante total das transferências internacionais feitas por migrantes (tanto em rublos com em moedas estrangeiras) cresceu 11,9%, para 66,2 bilhões de rublos (US$ 1 bilhão), este ano. Em 2015, o índice havia caído 8%, para 59,1 bilhões de rublos.

A razão principal para a redução das remessas em moeda estrangeira seria, segundo especialistas, o aumento dos custos de conversão devido à desvalorização das moedas locais dos países da CEI (Comunidade dos Estados Independentes) em relação ao dólar norte-americano desde 2015.

As operações de câmbio direto (de rublos a moedas locais) tornaram-se mais vantajosas para os migrantes do que as operações de reconversão (de rublos para dólares, e então de dólares para a moeda nacional), por isso, é preferível enviar o dinheiro para casa na moeda em que se ganha.

Rublo como padrão

Os bancos centrais de alguns países da CEI tomaram recentemente ações para fortalecer as suas moedas nacionais e modificar o comportamento dos migrantes. Por exemplo, uma norma estabelecida pelo Banco Nacional do Tadjiquistão em fevereiro proíbe os bancos locais de realizar transferências em rublos.

A exigência do regulador tadjique não se aplica às remessas em dólares dos EUA ou euros, mas, tendo em conta a desvalorização do somoni (moeda do Tadjiquistão), ainda é mais rentável para os tadjiques enviarem transferências em rublos e recebê-las em sua própria moeda.

O crescimento das transferências do rublo de migrantes também estaria ligado a outro fator, segundo o primeiro vice-presidente da associação de empresários Apoio da Rússia, Pável Sigal.

“A maioria dos migrantes na Rússia são nativos da União Eurasiática e países da CEI – Armênia, Bielorrússia, Quirguistão, Tadjiquistão, Uzbequistão e outros”, destaca Sigal. “O volume de comércio entre esses países e a Rússia está crescendo a cada ano, pelo menos em rublos.”

Segundo o empresário, os parceiros comerciais e industriais de Moscou nesses países necessitam cada vez mais da moeda russa. “Essa tendência continuará se a Rússia for capaz de avançar ainda mais o projeto de uso do rublo como unidade monetária no comércio mútuo”, acrescenta.

O diretor do departamento de análise do BKF Bank, Maksim Osadtchi, prevê que o montante de transferências em rublo excederá a quantidade de transferências em divisas estrangeiras ainda este ano.

Publicado originalmente pelo jornal  Izvéstia

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