Bancos russos se preparam para deixar a Ucrânia

Agência do Sberbank em Odessa, cidade ucraniana às margens do mar Negro

Agência do Sberbank em Odessa, cidade ucraniana às margens do mar Negro

Denis Petrov/RIA Nôvosti
Sberbank, VTB e Vnesheconombank mantêm negociações para venda de suas subsidiárias na Ucrânia. Situação está extremamente politizada, afirmam economistas.

Com o congelamento das relações Moscou-Kiev, os bancos russos que oferecem crédito, como Sberbank, VTB e Vnesheconombank, estão tentando vender suas filiais na Ucrânia para fugir do mercado vizinho.

A informação divulgada pela edição ucraniana da revista Forbes na terça-feira (17), sobre as negociações para a venda da subsidiária ucraniana do banco estatal russo Sberbank para o empresário local Aleksandr Iaroslavski, foi confirmada pelo “Kommersant”.

Segundo o jornal russo, embora as conversações não tenham sido bem-sucedidas, “esse fato não muda a intenção do banco de deixar o mercado ucraniano e [o Sberbank] continua à procura de um comprador”.

O banco de crédito VTB, cuja maior parte das ações pertence ao governo russo, também já mostrou iniciativa de se desligar de sua subsidiária ucraniana.

No evento ‘Dia do Investor’, na terça-feira (17) em Londres, o presidente do VTB, Andrêi Kôstin, disse não haver oportunidades na Ucrânia.

“Tivemos grandes perdas lá. Não vemos muitas oportunidades, quer econômicas ou políticas. Se tivermos chance, preferiríamos vender o negócio”, disse Kôstin.

As perdas econômicas se referem a empréstimos não quitados, segundo a assessoria de imprensa do VTB. “A questão dos bancos russos em território ucraniano é extremamente politizada. (...) As agências do VTB na Ucrânia foram frequentemente vandalizadas”, divulgou a empresa.  

No caso do também estatal Vnesheconombank, que tem uma grande subsidiária na Ucrânia, especula-se a possível venda para o ucraniano Prominvestbank.

Boa hora para vender ativos

O êxodo de bancos russos da Ucrânia acontece paralelamente à restauração de seus próprios negócios e do setor bancário ucraniano em geral. Especialistas acreditam que os bancos estatais não estejam sendo condicionados tanto pela situação econômica como pelo clima político, e estariam usando a oportunidade para vender suas subsidiárias.

“Agora, neste cenário de estabilização e melhoria dos indicadores, os bancos estatais têm a oportunidade de encontrar compradores para seus ativos”, explica o economista-chefe da consultoria de investimento PF Capital, Evguêni Nadorchin.

“Não é nenhuma surpresa que, com as contínuas tensões políticas, os bancos estatais estejam correndo para se livrar de seus negócios na Ucrânia”, acrescenta. “Por enquanto, trata-se principalmente de bancos com capital estatal.”

Desde meados de 2014, o Verkhovna Rada (Parlamento da Ucrânia) tentou em várias ocasiões bloquear as operações dessas instituições de crédito.

“Além disso, parte da população da Ucrânia é extremamente contra bancos russos”, afirma Zelimkhan Munaiev, diretor-geral da consultoria QB Finance, em Moscou.

Originalmente publicado pelo jornal Kommersant

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