Rússia e trio da Opep decidem congelar produção de petróleo

À espera de cortes, mercado reagiu negativamente à decisão

À espera de cortes, mercado reagiu negativamente à decisão

Lori/Legion-Media
Países declararam a intenção de congelar os volumes de produção da commodity no nível de janeiro. Economistas se dividem sobre impacto positivo nos preços e alertam contra aumento da produção anunciado pelo Irã.

Rússia, Arábia Saudita, Qatar e Venezuela, que estão entre os maiores produtores de petróleo do mundo, concordaram na terça-feira (16) em congelar sua produção nos níveis de janeiro de 2016, após negociações no Qatar. A iniciativa visa a conter novas reduções no preço da commodity.

“Com o objetivo de estabilizar o mercado do petróleo, acordamos em congelar a produção nos níveis de janeiro”, informou o ministro da Energia e Indústria do Qatar e atual presidente da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Mohamed Saleh al Sada.

O acordo verbal entre o ministro do Petróleo saudita, Ali Al-Naimi, e o chefe da pasta de Energia russa, Aleksandr Novak, não só foi abraçado pelo Qatar e pela Venezuela, como será válido apenas se os demais produtores de petróleo aderirem à iniciativa.

As especulações sobre um possível corte de 5% na produção haviam alavancado os preços da commodity, porém, logo após as declarações sobre o acordo, o preço do petróleo tipo Brent voltou a cair, de US$ 35,5 para US$ 33,7 por barril.

“O mercado esperava um corta na produção. Mas essa notícia aumentará a pressão sobre os preços”, sugere o analista sênior da empresa de investimentos FG BKS, Kirill Tatchennikov.

Segundo o especialista, seria impossível aumentar a produção em meio aos preços atuais.

Nível máximo

Em janeiro passado, as empresas petrolíferas russas produziram o volume recorde de petróleo – mais de 10,8 milhões de barris por dia.

“Concordar em congelar a produção nas condições de oferta excessiva do petróleo é fingir que está tudo bem”, critica o professor de finanças na Academia Presidencial de Economia Nacional e Administração Pública da Rússia, Serguêi Khestanov.

A decisão, segundo Khestanov, evidencia “a impossibilidade de diminuir a produção”.

O analista do grupo Finam Bogdan Zváritch acredita, entretanto, que a decisão de congelar a produção seja apenas o primeiro passo prático ao controle dos preços do petróleo.

“A redução de produção seria vantajosa para a Rússia, mas o congelamento também levará à estabilização do mercado, o que é um avanço significativo”, aponta Zváritch.

Caso o acordo venha a ser apoiado por outros produtores de petróleo, inclusive não membros da Opep, o especialista prevê que os agentes do mercado darão sequência às negociações.

Arábia Saudita e Irã

De acordo com os especialistas, para excluir a possibilidade de um novo aumento da produção será necessário antes resolver as contradições entre a Arábia Saudita e o Irã, que, pela primeira vez desde 2012, começará a exportar petróleo para a Europa.

As autoridades iranianas já declararam, inclusive, que o país estaria pronto para aumentar a produção de 1,5 a 2 milhões de barris por dia já em março.

“O Irã teve de ser paciente por um longo período, uma vez que as sanções internacionais proibiam a exportação de petróleo e agora o país está tentando aumentar a oferta”, diz Geórgui Vaschenko, diretor de operações no mercado russo da Freedom Finance.

Paralelamente, os grandes produtores de petróleo estão se aproximando de sua margem de segurança, alerta Robert Novak, analista sênior da MFX Broker.

“As petrolíferas estão cansadas de aumentar a produção e de pressionar os outros agentes com dumping para abocanhar uma fatia maior no mercado mundial do petróleo”, explica.

Devido à queda dos preços do petróleo no último semestre, a Arábia Saudita, por exemplo, perdeu mais de US$ 180 bilhões. “A Venezuela também tem reservas líquidas para apenas dois ou três meses de importações, assim, o governo é forçado a vender as reservas de ouro.”

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