Moscou e Pequim insistem na adesão do Irã à SCO

Líderes russo Vladímir Pútin (esq.), chinês Xi Jinping (centro) e iraniano Hassan Rouhani reunidos em conferência em Xangai

Líderes russo Vladímir Pútin (esq.), chinês Xi Jinping (centro) e iraniano Hassan Rouhani reunidos em conferência em Xangai

Reuters
Garantia de segurança no Oriente Médio e grandes projetos de infraestrutura estariam em jogo, afirmam especialistas. Atualmente, o Irã é país observador no grupo de asiáticos.

Após o levantamento das sanções contra o Irã, o país, que deixou de ter barreiras legais para entrar na Organização para Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês), vem recebendo apoio para aderir a essa estrutura internacional liderada não oficialmente pela Rússia e a China.

Em visita recente a Teerã, o presidente chinês Xi Jinping assinou 17 acordos, no valor de mais de US$ 600 bilhões, e declarou que Pequim “apoia o desejo do Irã de se tornar membro da SCO”.

A mesma disposição foi apresentada pela porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakhárova, ao reiterar que Moscou “dá apoio à possível adesão iraniana à SCO”.

Embora apenas China e Rússia tenham manifestado apoio explícito à nova inclusão, acredita-se que todos os demais membros da organização irão aprovar a entrada do Irã no grupo.

“Todos os países da SCO, sobretudo Rússia e China, estão interessados na adesão do Irã, porque querem incluir sua política externa no desenvolvimento do espaço eurasiático”, explica o especialista do Programa de Não Proliferação do Centro Carnegie de Moscou, Piotr Topitchkanov.

Além de o Irã “se tornar um jogador mais previsível”, segundo Topitchkanov, os países receberiam garantias de segurança adicionais. “A SCO fará tudo para evitar a deterioração da situação política no Golfo Pérsico e das relações entre o Irã e a Arábia Saudita”, diz.

Economia

De acordo com a chefe do departamento sobre o Irã do Instituto de Estudos Orientais, Nina Mamédova, a adesão do país à SCO permitiria também descongelar grandes projetos de logística bloqueados em meados da década de 2000 devido à imposição de sanções.

Um deles seria o corredor de transporte internacional “Norte-Sul”, baseado no conceito de ponte entre a Índia e os países escandinavos através dos territórios da Rússia e do Irã.

A China estaria interessada na colaboração com o Irã também para implementar o projeto Nova Rota da Seda. “O sudeste do Irã é importante para o comércio marítimo. A China planeja criar um corredor de transporte para essa região pelo Paquistão e Afeganistão”, diz Mamédova.

O governo iraniano, por sua vez, tem preferência em trabalhar com a China por meio da SCO, em vez de fortalecer as relações bilaterais, “para evitar a dependência excessiva de Pequim”, afirma Topitchkanov, do Centro Carnegie.

O que é a SCO?

A Organização para Cooperação de Xangai é um organismo internacional fundado em 14 de junho de 1996. Sua finalidade principal é a cooperação para a segurança, embora também trate de temas de cooperação econômica e cultural. Atualmente, seus países-membros são: Cazaquistão, China, Índia, Paquistão, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão e Uzbequistão. Irã, Mongólia e Afeganistão são países observadores.

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