Água do Baikal já vale mais que o petróleo?

Valor da água em si ainda é pequeno se comparado aos custos de embalagem, engarrafamento e marketing

Valor da água em si ainda é pequeno se comparado aos custos de embalagem, engarrafamento e marketing

Vladímir Pesnia/RIA Nôvosti
Sugerida nas redes sociais, comercialização de água do lago siberiano é descartada por especialistas. Entenda os motivos e por que situação pode mudar no futuro.

Os preços do petróleo tipo Brent convertidos em rublos caíram, em janeiro, abaixo do valor médio de um litro de agua potável engarrafada comum em Moscou. Nas redes sociais, a sugestão, então, foi começar a exportar água do lago Baikal, maior reserva de água doce do mundo – ideia prontamente descartada por especialistas.

Por quê?

A primeira justificativa é que, na realidade, o custo da água potável ainda é muito inferior ao do petróleo, mesmo quando o Brent é negociado abaixo de 30 dólares por barril.

A parcela do valor que corresponde à água propriamente dita é “extremamente pequena, sendo a maior parte composta pelo custo da embalagem, engarrafamento e marketing”, diz Serguêi Khistanov da Academia Presidencial Russa de Economia Nacional e da Administração Pública.

O especialista acredita, no entanto, que nas próximas décadas a água se tornará uma mercadoria com a mesma importância comercial que o petróleo e outros recursos naturais.

O acadêmico Viktor Danilov-Danilian explica também que a comercialização de água do lago em uma escala ampla teria não só forte impacto antropogênico, como agravaria a seca e a redução do volume de água registrada nos últimos anos.

Uma opção rentável para o lago Baikal seria, alternativamente, o fornecimento de água para as necessidades agrícolas da China através de um sistema de canalização, “mas não antes da metade do século 21”, sugere o vice-diretor do Instituto de Geografia da Academia Russa de Ciências em Irkutsk, Leonid Koritní.

Alterações climáticas, desertificação de várias regiões do mundo e esgotamento de fontes de água potável irão valorizar a água do Baikal no futuro, prevê o geógrafo de Irkutsk.

 

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