‘Investidores podem se beneficiar de turbulência econômica’

Rublo fraco é benéfico para empresas de fora, diz economista

Rublo fraco é benéfico para empresas de fora, diz economista

Anton Novoderejkin/TASS
Em tempos de crise, a arrecadação diminui, o governo é obrigado a cortar verbas e a moeda perde valor. Mas a tempestade econômica tem seu lado positivo, sobretudo para empresas estrangeiras, garante o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Rússia, Serguêi Katírin.

Que mudanças ocorreram nas relações econômicas entre a Rússia e os países ocidentais no ano passado?

Houve uma queda significativa no comércio entre a Rússia e a maioria dos seus parceiros. Infelizmente, o maior declínio foi registrado no comércio com a União Europeia e os Estados Unidos: de 30% a 40%. O volume comercial entre Rússia e UE, por exemplo, caiu de US$ 417 bilhões, em 2013, para US$ 230 bilhões, em 2015.

O comércio foi afetado pelas sanções contra Moscou?

As sanções impostas contra a Rússia e o nosso próprio embargo de retaliação tiveram menos efeito sobre a situação atual do que a queda do PIB russo e da demanda interna, a desaceleração de investimentos e a desvalorização do rublo.

Ou seja, as sanções não afetaram o comércio?

O seu impacto é secundário. As sanções são ainda mais prejudiciais porque contaminam a atmosfera de confiança que se formou durante décadas, o que significa que o consumidor não tem certeza de que obterá os bens solicitados, e o vendedor não sabe se ele será capaz de entregá-los. Caso esteja procurando por alguns números, o Ministério de Desenvolvimento Econômico russo estima que, em 2015, o prejuízo das sanções contra a Rússia foi de cerca de 25 bilhões de euros, o que levou à diminuição do PIB russo em 1,5%.

Há esperança de melhora para o clima econômico em 2016?

Apenas as pessoas com visão extremamente otimista podem esperar a recuperação rápida das relações comerciais. Várias empresas, especialmente da Europa ocidental, também querem aumentar o comércio. Os maiores investidores na economia russa continuam a trabalhar aqui e não planejam deixar o nosso mercado. Eles estão certos de que o mercado russo vai se tornar um dos mais rentáveis no mundo. Investidores podem beneficiar da turbulência econômica.

Mas um grande número de empresas estrangeiras, principalmente as que fornecem produtos incluídos na lista das contrassanções, estão deixando o mercado russo. O governo diz que esses nichos devem ser ocupados por fabricantes nacionais. Quais são os resultados disso?

A política de substituição de importações já está mostrando resultados na indústria militar e no setor agrícola. Por exemplo, nos últimos sete meses, a produção de carne de aves na Rússia cresceu 28%. Ainda assim, a substituição de importações é um processo longo, é muito cedo para falar dos resultados.

Os projetos russo-americanas ou russo-europeus de grande porte conseguiram resistir às dificuldades de 2015?

Havia um monte de riscos e incertezas, mas as relações não foram congeladas. Em setembro de 2015, a [segunda maior petrolífera russa] Gazprom assinou um acordo com cinco empresas europeias para a criação da joint venture New Pipeline, que implementará o projeto do gasoduto North Stream, estimado em mais de 10 bilhões de euros.

Além disso, em agosto, o governo finlandês permitiu a construção da usina nuclear Hanhikivi-1 com a participação da estatal russa Rosatom.

O que os empresários estrangeiros devem esperar em 2016?

A queda do rublo aumenta a competitividade dos produtos russos, reduz os custos de trabalho, os preços das matérias-primas e energia e diminui significativamente o período de retorno. Assim, a criação de novas instalações no setor real da economia russa permitirá que as empresas estrangeiras produzam bens tanto para o mercado interno, como para o mercado internacional. Há diversos exemplos: os produtores de pneus europeus Nokian e Pirelli lançaram grandes fábricas na Rússia e vendem os produtos no mercado deles.

 

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