Após 10 anos de negociações, China recebe grãos russos

Exportação anual de grãos russos à China deve chegar a 3 milhões de toneladas até 2020

Exportação anual de grãos russos à China deve chegar a 3 milhões de toneladas até 2020

Reuters
Busca por novos mercados cresce devido à crise nas relações comerciais com a Turquia. Aumento de exportações terá efeito positivo na economia das regiões siberianas.

Depois de uma década de negociações, a China liberou a importação de trigo, milho, arroz, soja e colza da Sibéria e regiões orientais russas. A entrada dos produtos era proibida desde os anos 1990, quando o governo chinês apertou o controle contra diversos países, incluindo a Rússia, diante da possibilidade de importar grãos contaminados.

“Começamos as negociações com a China ainda em 2006.  Podemos afirmar que essa permissão é um grande avanço no comércio bilateral”, diz o chefe do Rosselkhoznadzor (Serviço de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia), Serguêi Dankvert.

O trigo de alta qualidade que começará a ser enviado à China irá, por exemplo, não só beneficiar a produção de confeitaria e pão branco no país oriental, como estimular a produção nas regiões siberianas, que hoje não exportam para o Ocidente devido às altas tarifas ferroviárias.

“As regiões orientais da Rússia poderão aumentar o volume de produção de grãos, e os rendimentos dos agricultores vão crescer”, prevê a diretora do Centro de Política Agrícola da Academia Presidencial de Economia Nacional e de Administração Pública da Rússia, Natália Chagaida.

De acordo com dados consolidados de 2014, o país ocupou o sexto lugar na lista dos maiores exportadores mundiais de grãos, perdendo apenas para EUA, Índia, França, Canadá e Austrália. Já nos 11 primeiros meses de 2015, foram exportados 35,15 bilhões de toneladas de grãos russos.

De grão em grão

Atualmente, os principais compradores de grãos russos são Turquia, Egito, Irã e Arábia Saudita.

“É provável que a Rússia suspenda essas exportações para a Turquia. Por isso, os agricultores precisam encontrar novos mercados o mais rápido possível”, alerta Tamara Kassiánova, da empresa de auditoria 2K.

No entanto, segundo a especialista, a probabilidade de a China vir a substituir integralmente os fornecimentos à Turquia é pequena.

“Em 2014, os turcos responderam por 15% das exportações russas (cerca 5,5 bilhões de toneladas de grãos). Pela estimativa do Rosselkhoznadzor, em 2016, a Rússia só poderá exportar 1 milhão de toneladas de grãos para o país asiático”, acrescenta Kassiánova.

Apesar do prognóstico em curto prazo, o chefe da União Russa de Grãos, Arkádi Zlochêvski, acredita que, dentro de cinco anos, o país obterá o direito de exportar anualmente até 3 milhões de toneladas de grãos à China.

Importação de grãos pela China (janeiro-outubro de 2015)

Tipo de grãos

Volume

Preço

Principais fornecedores

Trigo

-11% (2,56 milhões de toneladas)

-16,7% (US$ 777,76milhões)

Austrália, EUA, Canadá

Milho

+300%  (4,58 milhões de toneladas)

+250% (US$ 1,06bilhões)

Ucrânia, EUA, Bulgária, Rússia

Soja

+14,7% (65,18 milhões de toneladas)

-14,3% (US$ 28,33bilhões)

EUA, Argentina, Uruguai

Fonte: TASS, Serviço Aduaneiro da China

 

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