Feliz Ano Novo (mas com a mão no bolso)!

Russos gastam R$ 930 comfesta, 7% menos que em 2014.

Russos gastam R$ 930 comfesta, 7% menos que em 2014.

Mikhail Mordasov
Economia levará orçamento familiar com festas a R$ 930 no país. Além de ceia e presentes, viagens estão entre pontos a sofrer cortes.

Diferentemente do Brasil, a principal celebração no final do ano na Rússia é o Ano Novo, e não o Natal. Generosos, os russos adoram presentear e preparar fartas ceias na data.

Em 2015, porém, a crise econômica está forçando muitos no país a reconsiderar suas despesas para o Réveillon. Neste ano, os salários reais caíram 13%, levando a população a sentir no bolso as consequências da macroeconomia.

De acordo com uma pesquisa do instituto de pesquisas IRG, 75% dos russos limitarão seus gastos no Ano Novo, chegando aos 16.900 rublos (cerca de R$ 930), em média, por família.

Os resultados coincidem com os da consultoria Deloitte, segundo a qual os russos devem gastar R$ 930 nas festas de Réveillon, ou seja, 7% a menos que no ano passado.

Na Europa, só os gregos planejam fazer cortes ainda maiores que os dos russos, de quase 8,6%. Já os alemães, aumentarão os gastos em 0,9%, chegando a um orçamento de R$ 1.800 por família na data.

Para além da mesa

Mesmo com cortes, os russos planejam celebrar a data. Assim, 20% dos 1.200 entrevistados do IRG disseram que planejam festejar, mas abrirão mão de pratos requintados, já que precisam escolher se os cortes serão feitos na ceia ou nos presentes. Um em cada três russos ainda considera efetuar cortes em ambos os tipos de gastos.

Entre os respondentes da Delloite, 21% buscarão lojas populares, mais baratas, para as compras, contra os 8% de 2014. Além disso, 7% dos russos dizem que não darão nenhum presente neste ano, contra os 4% de 2014.

“Não economizo no orçamento dos meus presentes. Gosto muito de presentear e em 2015 não haverá exceção: nada pode me impedir de gastar o que tenho, como sempre faço, nem mesmo a crise econômica”, diz, sorrindo, o professor moscovita Serguêi, de 25 anos.

Para tanto, porém, Serguêi terá que cortar em outros gastos, como os de viagens. Em 2013, ele passou o Réveillon em Praga, enquanto em 2014 foi para Murmansk, no norte da Rússia, fotografar a aurora boreal - apesar dos planos iniciais de vê-la na Islândia.

Designer: Aliona RépkinaDesigner: Aliona Répkina

“Neste ano, fico em Moscou. Ou vou para a Carélia, perto da fronteira com a Finlândia, mas isso sairá um pouco mais caro”, diz.

Ele não é o único a economizar nesse aspecto. Segundo a operadora de turismo OneTwoTrip, a venda de passagens aéreas para aproveitar as festas de Ano Novo em destinos no exterior caiu 30%.

Os mais afetados foram os voos para a Alemanha e para a Áustria - que caíram, respectivamente, 68% e 60%. As sanções econômicas e o medo de atentados também levaram os russos a renunciar a dois de seus destinos mais populares, o Egito e a Turquia, nas celebrações de fim de ano.

Queda geral

Em 2015, o volume de negócios deve ser bem menor em diversos setores do mercado russo e europeu, em comparação ao ano anterior.

A queda brusca do rublo há um ano, em meados de dezembro, levou os russos a fazerem compras antecipadas para evitar o aumento dos preços. Uma das principais lojas de produtos eletrônicos do país, a M. Vídeo, observou uma alta de 73% em suas vendas no último mês de 2014.

Assim, é difícil comparar a balança de 2014 com a deste ano. É improvável que tal fenômeno se repita, mas, apesar do câmbio continuar elevado, as pessoas se adaptam à situação e aos preços praticados.

Prova disso é que a Black Friday russa foi declarada como um sucesso por muitos comerciantes - mas não sem uma queda na receita.

A rede de eletrônicos Sviásnoi, por exemplo, explica que, com a queda dos salários, as pessoas continuaram comprando, mas optaram por artigos mais baratos.

Assim, a perspectiva é que, neste ano, os russos continuem gastões - mas com os salários e o poder de compra reduzidos.

 

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