Fundos de pensão russos investem em projetos de infraestrutura

A decisão de direcionar os fundos de pensão para financiar projetos de infraestrutura foi tomada pelo governo em abril, após uma reunião entre ministros e o primeiro-ministro russo, Dmítri Medvedev.

A decisão de direcionar os fundos de pensão para financiar projetos de infraestrutura foi tomada pelo governo em abril, após uma reunião entre ministros e o primeiro-ministro russo, Dmítri Medvedev.

Aleksandr Riúmin/TASS
Recursos foram usados principalmente nos setores de transporte e energia.

Uma reforma na utilização dos fundos de pensão russos conseguiu disponibilizar recursos para financiar projetos de infraestrutura a longo prazo. No segundo trimestre deste ano, os fundos de pensão privados investiram quase 190 bilhões de rublos (cerca de US$ 27 bilhões), ou seja, 11% de todo o seu valor acumulado.

Os dados foram apresentados em um relatório sobre a eficácia de investimento dos fundos de pensão elaborado pelo Ministério das Finanças da Rússia, segundo informou o jornal de negócios “RBK Daily”.

Segundo dados do Ministério das Finanças, em 1° de Julho de 2015, o valor dos fundos de pensão chegou a 3,6 trilhões de rublos (cerca de US$ 50,8 bilhões), dos quais apenas 1,7 trilhão de rublos (cerca de US$ 24 bilhões) tinham origem nos fundos de pensão privados. Todas as pensões restantes são administradas pelo órgão estatal Vnesheconombank, o Banco de Desenvolvimento da Rússia.

Investimentos

Segundo o Ministério das Finanças, a maior parte dos fundos de pensão privados – 128,8 bilhões de rublos (cerca de US$ 18 bilhões) - foi investida em títulos de empresas dos setores de energia e infraestrutura. Foram 25 bilhões de rublos (US$ 353 milhões) em títulos da petrolífera Bashneft, 22 bilhões de rublos (US$ 310,6 milhões) em obrigações da empresa ferroviária Russian Railways, 11 bilhões de rublos (US$ 155 milhões) em títulos da maior empresa energética do país, a Rossiskie Seti, e 2 bilhões de rublos (US$ 28 milhões) em títulos da holding de investimentos AFK Sistema. Cada uma dessas empresas tem programas de investimento aprovados pelo governo, que incluem a exploração de novas jazidas energéticas, a renovação da infraestrutura do país, entre outros.

Os fundos de pensão investiram ainda 15,5 bilhões de rublos (US$ 218,8 milhões) na construção da rodovia que liga Moscou a São Petersburgo. Os 60 bilhões de rublos (US$ 847 milhões) restantes foram investidos em projetos de habitação através da Agência de Crédito Hipotecário para Habitação.

Para Semion Nemtsov, analista da agência IK Russ-Invest, tendo em conta as dificuldades que o mercado financeiro atravessa atualmente e a incapacidade dos principais credores domésticos de obter financiamento no Ocidente, esses fundos são uma boa ferramenta para o desenvolvimento econômico do país.

Reforma difícil

A decisão de direcionar os fundos de pensão para financiar projetos de infraestrutura foi tomada pelo governo em abril, após uma reunião entre ministros e o primeiro-ministro russo, Dmítri Medvedev. Alguns setores do governo foram contra essas reformas, alegando que os fundos de pensão não têm nenhuma experiência de investimento no setor de infraestrutura, mas a decisão de utilização dos fundos para esse fim prevaleceu.

"A opção de investir os fundos em projetos de infraestruturas é, no geral, correta e corresponde à lógica da criação de um sistema de pensões financiado por capitalização – é dinheiro a longo prazo que deve trabalhar para a economia", explica o analista-chefe da agência de investimento UFS IC, Iliá Balakirev.

No entanto, nem todos os especialistas concordam com esse ponto de vista. "É necessário apoiar esse setor da economia, mas o financiamento de mais "construções do século" à custa das gerações futuras não é a melhor ideia. Muitos dos projetos são direcionados para o apoio à exportação de matérias-primas, o que é arriscado em um ambiente de queda dos preços das mesmas", diz Gueorgui Vachenko, chefe de operações da empresa de investimento Freedom Finance no mercado de ações russo.

Segundo ele, para ganhar dinheiro com a venda de matérias-primas, o Estado terá que conter o aumento das tarifas para a manutenção da infraestrutura de transportes, e isso irá complicar o retorno dos investimentos dos fundos de pensão em projetos de infraestrutura.

 

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