Bancos islâmicos despontam como alternativa a créditos ocidentais

No contexto da crise global, a importância das finanças islâmicas está crescendo Foto: Reuters

No contexto da crise global, a importância das finanças islâmicas está crescendo Foto: Reuters

Instituições financeiras islâmicas poderão ajudar as empresas russas a compensar a falta de financiamento causada pelo resfriamento político entre a Rússia e os países ocidentais. Diversos bancos russos já estão mostrando interesse nas instituições árabes.

Durante o fórum econômico KazanSummit 2015, realizado nos dias 14 e 15 de junho, o presidente da República do Tatarstão, Rustam Minnikhanov, declarou que as finanças islâmicas devem ajudar as empresas russas a compensar a falta de financiamento causada pelas sanções ocidentais impostas à Rússia.

“Os países muçulmanos não aderiram às tentativas de isolar o nosso país na arena internacional. Os últimos desenvolvimentos na economia global mostraram que os bancos islâmicos ajudam a resistir a crise global e complementam o sistema financeiro mundial”, disse Minnikhanov. Cabe lembrar que a região russa em questão é predominantemente povoada por muçulmanos.

Para Minnikhanov, não se trata da substituição completa dos credores, “mas já podemos falar em uma ferramenta aberta e disponível às empresas russas”. De acordo com o último relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), no final de 2015, o volume mundial das finanças islâmicas chegará a quase US$ 3,5 trilhões.

O que é um banco islâmico?

Esse termo se refere a um sistema ou atividade bancária que seja compatível com os princípios da lei islâmica (sharia): proíbe não só a cobrança de juros em empréstimos, como o investimento em empresas que fornecem bens ou serviços considerados contrários a seus preceitos.

“No contexto da crise global, a importância das finanças islâmicas está crescendo, porque todas as operações nesse sistema são aprovadas em dinheiro real, os investimentos são seguros e não apresentam grande risco”, diz o vice-ministro da Economia e Comércio do Qatar, Sultan Al-Khater. Uma das características do sistema bancário islâmico é a proibição de juros de empréstimo em operações financeiras. 

De acordo com o presidente do Banco Islâmico de Desenvolvimento, Ahmad Mohamed Ali Al-Madani, as finanças islâmicas são atraente também para não muçulmanos por serem naturalmente ligadas à atividade econômica real e permitirem otimizar os recursos internos.

“O conceito de divisão de riscos no setor bancário islâmico estimula práticas de finanças saudáveis. Nos bancos islâmicos, as transações estão vinculadas a investimentos reais, o que permite evitar especulações e instabilidade”, explica Al-Madani.

Países não muçulmanos, como o Reino Unido, já emitem obrigações financeiras em conformidade com a sharia (lei islâmica), e o volume total dessas obrigações no mundo já ultrapassou os US$ 120 bilhões. “Nesse contexto, o Tatarstão pode se tornar um centro de finanças islâmicas na Rússia”, aponta Al-Madani.

Primeiros exemplos

O interesse por finanças islâmicas vem crescendo em diversas instituições bancárias da Rússia – inclusive no maior banco do país, o Sberbank. “Ainda há problemas com questões fiscais, falta de pessoal qualificado e outros fatores, mas, com a ajuda de especialistas do governo federal, poderemos acelerar o processo da resolução desses problemas”, disse Minnikhanov.

Segundo ele, não se trata da criação de uma zona financeira especial no Tatarstão, já que o desenvolvimento do sistema bancário islâmico na Rússia deve ser realizado em nível federal. “Hoje, o fórum KazanSummit é uma plataforma que deve mudar a atitude dos russos em relação ao sistema financeiro islâmico”, acrescentou o presidente do Tatarstão.

O maior banco do Tatarstão, AK Bark, já atrai financiamento compatível com os princípios da lei islâmica. Além disso, em janeiro deste ano, a companhia de seguros Aliança começou a vender o produto de seguro “Khalal Invest”. 

 

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