S&P rebaixa rating soberano da Rússia para BB+

S&P explicou que o rebaixamento se deve à diminuição das reservas cambiais da Rússia Foto: Reuters

S&P explicou que o rebaixamento se deve à diminuição das reservas cambiais da Rússia Foto: Reuters

Agência internacional de rating S&P (Standard & Poor's) rebaixou a nota da dívida soberana do país. Analistas garantem que medida já esperada não deve promover saída desenfreada de ativos russos, mas alertam para risco de outras agências, como Moody’s ou Fitch, seguirem a mesma tendência.

A agência de qualificação de riscos Standard & Poor's (S&P) rebaixou nesta segunda-feira (26) a nota da Rússia para BB+, abaixo do grau de investimento e com perspectiva negativa. Após a notícia, o dólar foi cotado 67,63 rublos, configurando uma queda de 5% da moeda russa em relação ao fechamento na véspera.

Em nota, a S&P explicou que o rebaixamento se deve à diminuição das reservas cambiais da Rússia, graças às quais bancos e empresas nacionais podem receber empréstimos para pagar a dívida externa. Calcula-se que, em 2014, a reserva diminui 40%, chegando a US$ 113 bilhões.

De acordo com agência notícias “Reuters”, a S&P já havia alertado no fim de dezembro que poderia tirar o grau de investimento da Rússia em meados de janeiro, “após rápida deterioração da flexibilidade da política monetária do país e em meio ao enfraquecimento da economia”.

Os analistas entrevistados pela Gazeta Russa não se mostraram surpresos com a medida e afirmaram que, por já estar prevista, é pouco provável uma saída desenfreada de ativos russos.Segundo ele, estão na zona de risco as empresas russas que receberam crédito no Ocidente por meio de emissão de obrigações e estariam sujeitas a “covenants” (condições de reembolso antecipado da dívida).

“Ao observarem o rebaixamento a um nível medíocre, os credores, de acordo com as condições enunciadas, podem exigir o reembolso antecipado das obrigações. Os custos para as empresas russas poderá, nesse caso, atingir de US$ 20 a 30 bilhões”, estimou ministro da Economia russo, Aleksêi Uliukaev, ainda no final de 2014.

Para Serguêi Khestanov, professor assistente da Faculdade de Finanças da  Academia Russa Presidencial da Economia Nacional e da Administração Pública (RANHiGS), a situação vai ficar crítica se as agências de qualificação de riscos Moody’s ou a Fitch seguirem a mesma tendência. “Muitas vezes, a principal condição para o pagamento antecipado da dívida é o rebaixamento de duas das três agências”, explica.

Os ratings das demais agências internacionais permanecem, por enquanto, no grau do investimento. “Mas, ainda assim, a retirada de fundos dos não residentes do mercado de ações e do mercado de obrigações de emitentes russos pode aumentar, o que afetará o declínio dos índices de ações e as taxas de crescimento no mercado da dívida”, aponta Aleksandr Abramov, um dos principais pesquisadores do Centro de Análise do Sistema Financeiro da RANHiGS.

A perda de grau de investimento também ameaça o fechamento final dos mercados externos da dívida.

Boas novas para produtores

A decisão da S&P coloca uma pressão adicional sobre o rublo, garantem os especialistas. De acordo com a economista sênior do Banco Alfa, Natália Orlova, em breve poderá haver uma nova desvalorização de 3 a 5%.

Mesmo assim, Khestanov acredita que o rublo barato poderá se tornar um incentivo adicional para os produtores. “A queda do rublo melhora significativamente a competitividade dos produtos russos, incluindo das empresas estrangeiras com nível de produção local elevada, acima de 50%.”

Abramov concorda que o rebaixamento da Rússia não será um obstáculo também para aqueles que apenas querem iniciar produção no país. “Talvez os seus lucros resultantes de serviços bancários e de investimento reduzam, mas o horizonte de planejamento de negócios para os parceiros estrangeiros na Rússia é amplo o suficiente para evitar uma resposta nervosa a alterações de 2 ou 3 anos da conjuntura externa. Aqueles que queriam deixar de negociar na Rússia devido a fatores geopolíticos já o fizeram”, analisa Abramov.

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