Crise venezuelana pode afetar cooperação energética com a Rússia

A queda de exportação de petróleo venezuelano foi descoberta pouco depois da chegada de Hugo Chávez ao poder Foto: AP

A queda de exportação de petróleo venezuelano foi descoberta pouco depois da chegada de Hugo Chávez ao poder Foto: AP

A queda de exportação de petróleo venezuelano foi descoberta pouco depois da chegada de Hugo Chávez ao poder, em 1999. Se em 1997 o país vendia ao mercado mundial cerca de 3,1 milhões de barris por dia, em 2013, a exportação de petróleo caiu até 1,7 milhões de barris.

Na semana passada, o vice-primeiro-ministro de Economia, ministro de Petróleo da Venezuela e diretor da empresa Petróleos da Venezuela, Rafael Ramirez, foi demitido. O setor, que gera até 95% das receitais totais em moedas estrangeiras, será administrado pelo primo do falecido Hugo Chávez, Asdrúbal Chávez.

Ramirez, responsável pelo setor petrolífero da Venezuela desde 2004, foi o principal negociador com a maior petrolífera russa, a Rosneft. Os especialistas afirmam que a demissão é uma prova da catástrofe no setor na Venezuela e de toda a economia do país.

Vários dias antes da demissão de Ramirez, o governo da Venezuela declarou que o país é forçado a importar óleo do exterior. Ao mesmo tempo, a Venezuela, que sofre um déficit da moeda nacional, decidiu vender a petrolífera mais importante do país, a Citgo, que opera nos Estados Unidos. Com o dinheiro da venda (de US$ 10 a US$ 15 bilhões), o governo venezuelano planeja reparar o déficit orçamentário e reduzir a inflação, que já atingiu 60,9%.

Início da queda

A queda de exportação de petróleo venezuelano foi descoberta pouco depois da chegada de Hugo Chávez ao poder, em 1999. Se em 1997 o país vendia ao mercado mundial cerca de 3,1 milhões de barris por dia, em 2013 a exportação de petróleo caiu até 1,7 milhões de barris.

O governo venezuelano decidiu começar a importar petróleo do exterior por causa da qualidade de produto doméstico. Na bacia do Orinoco, onde estão as maiores reservas da Venezuela, se extrai o óleo pesado e extra pesado. É praticamente impossível exportar esse tipo de produto. Até agora, a Venezuela teve a oportunidade de misturá-lo com petróleo leve e, assim, garantir a exportação para os Estados Unidos. No entanto, a taxa de extração de petróleo leve caiu e o país foi forçado a comprar esse tipo de petróleo da Argélia.

De acordo com o ex-vice-ministro de Energia e Minas da Venezuela, Evanán Romero, a maioria das empresas estrangeiras não quer participar da extração e produção de petróleo pesado na Venezuela devido aos altos custos e ao medo de que o governo local nacionalize seus ativos no país.

Mas isso não assusta os parceiros russos. Em julho, o chefe da Rosneft, Ígor Sêtchin, durante visita a Caracas, anunciou que a empresa planeja realizar vários grandes projetos conjuntos na Venezuela.

Agora, a Rosneft e a Petróleos de Venezuela (PDVSA) participam de cinco projetos conjuntos de extração de petróleo no país. As reservas geológicas de petróleo desses projetos estão estimadas em mais de 20,5 bilhões de toneladas. O projeto mais importante é o Carabobo-2, no qual a a Rosneft possui 40% das ações.

Especialistas afirmam que o  objetivo do plano, de extrair 8 milhões de toneladas por dia, perece excessivamente otimista, especialmente tendo em conta que quatro dias depois da visita de Sêtchin à Venezuela, os Estados Unidos introduziram sanções contra a Rosneft.

As Rosneft e a Novatek e os bancos Vneshekonombank e Gazprombank foram adicionados na lista das sanções americanas em relação à gestão de ativos no exterior. Isso significa que esses bancos e empresas não poderão receber créditos no mercado por mais de 30 dias.

Redução 

Segundo dados do jornal “Kommersant”, o volume de petróleo produzido pela Rosneft poderá ser reduzido em cerca de 2 milhões de toneladas por ano. Os diretores da petrolífera preferem não dramatizar a estatística, mas o vice-presidente da Lukoil, Leonid Fedun, também afirmou que em 2015 a extração de petróleo na Rússia começará a cair.

Sob essas condições, a China se tornará o principal parceiro da Venezuela, porque o país asiático não é afetado pelas sanções dos Estados Unidos. Em novembro de 2011, a Venezuela e a China assinaram vários importantes contratos de petróleo que abrem o mercado latino-americano aos chineses. 

De acordo com esse contratos, a China já ofereceu à Venezuela um empréstimo de US$ 6 bilhões.

Ao contrário da Rússia, a China, que investe ativamente na economia venezuelana, já está recebendo petróleo latino-americano. A Venezuela paga o crédito fornecendo à China 400 mil barris de petróleo por dia por um preço muito baixo.

No entanto, durante as últimas semanas, Pequim também começou a expressar dúvidas sobre a eficácia dos contratos de petróleo com a Venezuela. A agência de classificação de risco chinesa Dagong Global Credit declarou que a incapacidade do governo de Nicolás Maduro de controlar a crise econômica e social ameaça a estabilidade política do país e questiona o pagamento da sua enorme dívida externa e a execução dos contratos assinados.

 

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