Rússia se une a China e EUA contra trio de agências de classificação de risco

Nova agência possibilitará ao investidor obter uma visão alternativa Foto: ITAR-TASS

Nova agência possibilitará ao investidor obter uma visão alternativa Foto: ITAR-TASS

Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s serão principais concorrentes de instituição recém-criada. Especialistas garantem que iniciativa não tem ligação alguma com a crise ucraniana nem com os recentes acordos entre Rússia e China, e insistem em caráter “apolítico” da nova agência.

A nova agência de rating, cujo objetivo é competir com as tradicionais Moody’s, Fitch e Standard&Poors, será um empreendimento conjunto da russa RusRating, da chinesa Dagong e da americana Egan Jones Rating, criado com base na Universal Credit Rating Group. De acordo com o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, na avaliação dos projetos de  investimentos nacionais e regionais, o novo player usará a estratégia e os critérios aplicados pelas atuais agências de classificação.

Em entrevista à Gazeta Russa, o diretor-geral da RusRating, Aleksandr Zaitsev, garantiu que a criação da nova agência não tem ligação alguma com a crise ucraniana nem com os recentes acordos entre Rússia e China. “Os primeiros sinais de que a indústria da classificação de riscos precisa de uma modernização surgiram muito tempo antes dos acontecimentos na Ucrânia, no meio da crise financeira global em 2008, quando as empresas nos EUA começaram a falir apesar de terem a recebido as melhores notas das três grandes agências de classificação”, explica.

 

Tempo para amadurecer

Para poder competir com as “três grandes”, a nova agência internacional precisará de tempo para montar um sistema de cooperação com parceiros internacionais. “O mais importante para agências internacionais de classificação de risco de credito é uma reputação que se cria ao longo de muitos anos”, diz o analista da Investkafe, Mikhail Kuzmin. Caso a cooperação entre a Rússia e a China seja ampliada, a classificação da agência poderá inicialmente ser usada em projetos conjuntos russo-chineses.

 

Enquanto os parceiros insistem que a nova agência de classificação de risco de crédito “está fora do âmbito da política”, o analista da holding de investimentos Finam, Anton Soroko, acredita se tratar também de uma pressão sobre as agências norte-americanas. “O impacto das atuais agência sobre a formação das carteiras de investimentos é muito grande, o que lhes dá a possibilidade de manipular a opinião pública, superestimando ou subestimando a classificação de risco de crédito”, diz Soroko.

Segundo ele, para ter uma objetividade maior, os líderes precisam de outros concorrentes internacionais, em cuja classificação o investidor terá a possibilidade de obter uma visão alternativa. “Além disso, no futuro, a consolidação desse tipo da agência com seus análogos dos Estados Unidos poderia ter o efeito desejado – a criação de um grupo unificado supranacional, livre de pressão política”, acrescentou o especialista.

Considerando a composição heterogênea dos membros, os especialistas têm expectativa de que a agência conseguirá se tornar uma organização “apolítica”, que atrairá o interesse dos investidores internacionais. “A participação do lado russo da RusRating poderia ser explicada pelo fato do que seu ex-diretor, Richard Hainswort, já tinha acordos de parceria com colegas chineses e americanos”, comenta Vadim Vedernikov, vice-diretor do departamento da pesquisa e gestão de risco da UFS IC.

A recente notícia também afasta os rumores de que a nova agência seria resultado da parceria russa com a ARC Ratings, que reúne cinco agências nacionais de Portugal, Índia, África do Sul, Malásia e Brasil.

Fundadores influentes

Em 1996, o economista britânico Richard Hainswort se tornou gerente da representação russa da Thomson Financial Bank Watch – uma das maiores agências internacionais de classificação de risco de bancos, que mais tarde foi comprada pela agência Fitch. Em 2001, Hainswort, com o apoio do banco americano Citibank, fundou a Global Rating International Ltd, com base na qual surgiu a agência  RusRating. Mais tarde, criou também agências similares em outras ex-repúblicas soviéticas, como Cazaquistão e Armênia.

Atualmente, Hainswort é um dos principais especialistas em risco de crédito na Rússia. Em 2004, ele iniciou a criação da associação de analistas financeiros certificados na Rússia (CFA Rússia) e se tornou seu primeiro presidente. No entanto, no final do ano passado, o economista deixou a RusRating, depois que a agência mudou de proprietário.

De acordo com fontes diversas, a agência da classificação de risco de crédito Dagong Global Rating passou a controlar a RusRating. Porém, o beneficiário principal do RusRating não é a empresa chinesa, mas o magnata russo  da construção e banqueiro Mikhail Chichanov. Nesse meio tempo, com base nas agências chinesa, russa e a americana Egan–Jones Ratings foi criada a nova agência internacional Universal Credit Rating Group.

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