Mudanças climáticas prometem novos prejuízos para economia nacional

Somente é possível determinar as consequências econômicas disso na Rússia por meio de uma análise detalhada de determinados pontos do mapa Foto: Artiom Jitenev/RIA Nóvosti

Somente é possível determinar as consequências econômicas disso na Rússia por meio de uma análise detalhada de determinados pontos do mapa Foto: Artiom Jitenev/RIA Nóvosti

Consequências de aumento da temperatura global foram analisadas por painel internacional em Tóquio. Embora seja difícil estimar as perdas, eventos recentes mostram como catástrofes naturais podem se refletir nos índices econômicos.

Em janeiro passado, era possível ver tupilas brotando em pleno inverno na cidade de São Petersburgo, enquanto as florestas do distrito de Podmoskova permaneciam cobertas por flocos de neve. Em fevereiro, ursos despertaram prematuramente no Extremo Oriente do país e, no mês seguinte, foram registrados 8 recordes de temperatura na capital.

De acordo com o líder do programa “Clima e Economia” da WWF Rússia, Aleksêi Kokorin, esses fenômenos não fogem às regras climáticas, mas, como a temperatura mundial continua subindo, são esperadas mudanças mais drásticas.

A segunda parte do quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre a Mudança do Clima (IPCC), lançado no Japão no final de março, prevê uma série de problemas para o planeta se a atmosfera continuarem a esquentar na mesma velocidade. Pelos cálculos do IPCC, o planeta pode sofrer uma catástrofe se a temperatura subir 2,5°C  acima da média dos últimos 35 anos.

Na Rússia, a temperatura vem subindo rapidamente. O Instituto de Hidrometeorologia (Rosgidrometa) registrou um aumento de cerca de 1,5°C  nos últimos anos, enquanto, no mundo, esse índice não supera 0,8°C.

Entre os problemas principais que provocam a mudança de temperatura, os especialistas do painel destacam a escassez de água de doce, o aumento do volume dos oceanos e da concentração de dióxido de carbono na atmosfera. Os demais eventos – derretimento das geleiras, inundação, migrações, guerras por recursos naturais e rápida propagação de doenças tropicais – são apenas consequências dos três fatores citados anteriormente.

Prejuízo econômico

Segundo Kokorin, nenhum especialista consegue atualmente estimar uma porcentagem aproximada das perdas do PIB nos próximos anos pela mudança climática em países como Rússia, Estados Unidos e China. É mais fácil precisar, contudo, o golpe econômico que os países sofrerão ao longo do tempo pelo resultado dos fênomenos do derretimento das geleiras, elevação do nível do mar e redução do permafrost.

“Suponhamos que um atol de corais no Oceano Pacífico deixe de existir. As pessoas que lá vivem terão de se mudar para a Austrália, por exemplo. Tais implicações são facilmente visualisadas no delta do Mekong ou do Ganges”, diz, “ou até mesmo em um resort na Suíça. Foi possível fazer neve artificial para as Olimpíadas, mas o mesmo não aconteceria o ano todo”.

O aumento do nível do mar não representa uma ameaça para a Rússia, exceto talvez no mar Báltico. Embora o permafrost seja uma questão mais urgente e 60% do território do país seja coberto por esse tipo de solo, a economia nacional quase não depende dele.

“Somente é possível determinar as consequências econômicas disso na Rússia por meio de uma análise detalhada de determinados pontos do mapa. É uma colcha de retalhos difícil de analisar. Para tanto, é necessário explorar cada centímetro do território para que se compreenda como e por quê o clima está mudando”, afirma. Pela avaliação de Kokorin, esses cálculos levarão entre 10 e 15 anos para serem concluídos.

Casos recentes

O número de fenômenos climáticos perigosos duplicou nos últimos 15 anos, passando de 200 por ano para 400-450. Há alguns exemplos atuais na Rússia:

- Durante o verão de 2010, ocorreu um poderoso anticiclone que ocasionou secas, incêndios florestais e quebras de safra;

- Em dezembro do mesmo ano, Moscou foi atingida por uma intensa chuva gelada. Na época, cabos de energia romperam-se, aeroportos foram fechados e mais de 50 mil árvores caíram;

- Durante o verão e outono de 2013, o Extremo Oriente russo ficou alagado. Foram registradas as enchentes mais violentas em 115 anos, afetando a vida de mais de 100 mil pessoas e causando um dano superior a 1 bilhão de dólares.  

 

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