Aeroflot apresenta Dobrolet, sua subsidiária de baixo custo

As rotas elaboradas para a Dobrolet serão operadas nos próximos três anos Foto: ITAR-TASS

As rotas elaboradas para a Dobrolet serão operadas nos próximos três anos Foto: ITAR-TASS

Empresa investirá US$ 100 milhões na nova companhia na esperança de ter seus investimentos amortizados em dois anos.

A companhia aérea russa Aeroflot anunciou a criação de sua subsidiária de baixo custo, a Dobrolet, nome usado pela sua antecessora, criada em 1923.

A nova companhia será chefiada pelo ex-diretor-geral da empresa de baixo custo Avianova (projeto da empresa de investimento A1), falida há dois anos, e entrará em operação na primavera ou no verão de 2014, no aeroporto de Domodédovo, em Moscou. As autoridades do aeroporto se recusaram a comentar a notícia.

A Aeroflot investirá US$ 100 milhões na nova companhia na esperança de ter seus investimentos amortizados em dois anos. No quinto ano de operação, a previsão é de que a Dobrolet transporte 10 milhões de passageiros (em 2012, a Aeroflot movimentou 27,5 milhões de passageiros). Desses, cerca de 1,2 milhões serão ex-clientes da Aeroflot, disse Vitáli Savéliev, diretor-geral da Aeroflot. Segundo o responsável, em três a quatro anos, a capitalização da Dobrolet será de US$ 1,4 bi.

Saveliev garante que a Dobrolet será autônoma na tomada de decisões, embora os parâmetros básicos de sua operação, seu mapa de rotas, a periodicidade de voos até 2016 e sua identidade visual (desenvolvida pela empresa Landor) tenham sido definidos pelo Conselho de Administração da Aeroflot.

Ao contrário das companhias aéreas anteriores que tentaram atuar no transporte aéreo de baixo custo na Rússia, a subsidiária da Aeroflot irá operar novas aeronaves. A empresa Sky Express, projeto de Aleksandr e Boris Abramovich, usou Boeing 737 com 15 anos de uso, enquanto a Avianova, A320 com três a sete anos de operação. A Dobrolet irá operar novos Boeing 737 Next Generation. O contrato de compra do primeiro lote de oito aeronaves, cujo valor não foi divulgado, será discutido pelo Conselho de Administração da Aeroflot na próxima quarta-feira (16).

"Qualquer projeto a partir de uma folha em branco prevendo a compra de oito aeronaves novas acarreta um determinado risco. Mas a Aeroflot tem a possibilidade de comprar aviões em condições favoráveis e captar financiamento para a solução de outras questões", disse o chefe do departamento de análise da agência Aviaport, Oleg Panteleev.

Cidades a serem alcançadas pela Dobrolet

Em 2014, a companhia aérea de baixo custo Dobrolet pretende realizar voos a São Petersburgo, Samara, Ekaterimburgo, Makhachkala, Krasnodar, Ufa, Kaliningrado, Novi-Urengoi. Em 2015, vai voar para Anapa, Volgograd, Surgut, Novossibirsk, Kazan, Sôtchi, Tiumen, Omsk, Perm, Nijnevartovsk, Tcheliabinsk. Em 2016, terá voos para Rostov-no-Don, Ástrakhan, Minerálnie-Vódi, Kiev, Erevan e Istambul.

A previsão é de que a cada ano a frota da Dobrolet seja aumentada com aeronaves novas para atingir, em cinco anos, 40 aviões.

"Isso é muito importante porque só aeronaves novas podem cumprir horários de voos apertados, algo típico das companhias de baixo custo", disse o ex-diretor-geral da Avianova, Konstantin Tetérin. Como as empresas Sky Express e Avianova operavam aeronaves usadas, seus aviões ficavam muitas vezes com problemas e não podiam cumprir o horário dos voos.

As rotas elaboradas para a Dobrolet serão operadas nos próximos três anos. Todavia, o representante da Aeroflot não descarta que o mapa de rotas da empresa possa mudar após o lançamento do projeto. Prevê-se que, no primeiro ano de atuação, a empresa opere oito rotas e faça entre 150 e 180 voos por semana. No segundo ano, a rede de rotas da empresa deve aumentar em 11 e, no terceiro, em outras seis.

Para Tetérin, com o lançamento da Dobrolet, as condições de existência do mercado do transporte aéreo de baixo custo irão mudar: a Aeroflot se empenha em fazer passar as emendas à legislação para elevar a eficácia de companhias aéreas de baixo custo.

"Mas isso não significa que o mercado já esteja maduro. Significa que a máquina administrativa foi posta em ação porque existe vontade política para a criação de um mercado de transporte aéreo de baixo custo", concluiu Tetérin.

Para Savéliev, "o mercado de transporte de baixo custo não vai funcionar se não adaptarmos nossa legislação às normas vigentes no mercado internacional, como passagens não reembolsáveis, refeições a bordo pagas à parte, transporte de bagagem pago e a possibilidade de contratar pilotos estrangeiros". O diretor-geral da Aeroflot espera que as alterações legislativas necessárias sejam aprovadas até o final deste ano.

De acordo com uma fonte do Ministério dos Transportes, as propostas de alterações já foram encaminhadas à Duma de Estado (câmara baixa do parlamento russo) e ao governo e devem ser aprovadas até o final de 2013.

"Pode ser que as alterações legislativas em causa sejam mais atrativas para as empresas matrizes do que os riscos decorrentes da criação de uma nova companhia aérea", afirma Panteleev. "Hoje em dia, o passageiro que  compra uma passagem barata não vê a diferença entre a passagem mais barata e a mais cara. Ele só vê a diferença entre a classe econômica e a executiva. Quando a diferenciação for mais evidente, os passageiros sentirão a diferença porque irão entender por que eles estão pagando", concluiu Panteleev. 

 

Publicado originalmente em russo pelo Vedomosti

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