Norte-americanos à procura do bunker de Pútin

Acesso para abrigo nuclear em Moscou

Acesso para abrigo nuclear em Moscou

Vladímir Pesnia/RIA Nôvosti
O serviço de inteligência dos EUA está estudando a capacidade russa de realizar um ataque de retaliação em caso de guerra nuclear. Atenção especial vem sendo dada aos abrigos militares usados para esconder a liderança do país nessas situações.

Na década de 1980, os Estados Unidos reconheciam a União Soviética como o país mais preparado para resistir a ataques nucleares. Hoje, quase 30 anos depois, a liderança norte-americana está novamente avaliando o nível de segurança da Rússia contra as armas nucleares de um potencial inimigo.

Os dados que o Comando Estratégico dos EUA (Usstratcom) e as agências de inteligência dos EUA irão começar a compilar em breve, por ordem do Congresso norte-americano, incluem “localização e descrição das comunicações subterrâneas que são de importância política e militar”, segundo a agência RIA Nôvosti.

Os jornais russos descobriram, porém, quais os segredos de defesa nuclear russo já são conhecidos dos EUA e como, em caso de um ataque nuclear, os militares russos possibilitaram à liderança política russa lançar um ataque de retaliação.

O abrigo de Pútin

“Há muito tempo que a Usstratcom e as agências de inteligência dos EUA sabem sobre o sistema russo de postos de comando de segurança máxima para os líderes nacionais, sobre os múltiplos canais reserva para o comando e a comunicação militar, bem como sobre o alto nível de resistência das forças terrestres e uma parte das forças navais”, disse o major-general Vladímir Dvorkin, ex-diretor do 4º Instituto Central de Pesquisa Científica do Ministério da Defesa, em entrevista ao site Gazeta.ru.

Os militares americanos também sabem da existência de outro sistema de defesa russo que seria usado no caso de um ataque nuclear dos EUA, segundo os especialistas.

“Quando a URSS enfrentava a ameaça americana, criamos o Sistema Perimetr (conhecido no Ocidente como “mão morta”)”, disse o coronel Leonid Ivachov, presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, ao jornal ‘Vzgliad’.

“O sistema é, basicamente, um ponto de comando duplicado que dá ordem de lançar mísseis imediatamente mesmo que os principais líderes do país morram”, completou.

Todos os abrigos secretos e cidades especiais na Rússia são comandados pelo FSB e pela Diretoria Principal de Programas Especiais do presidente russo. Embora haja pouca informação disponível sobre eles, alguns dados já foram vazados na imprensa, principalmente de arquivos desclassificados da KGB (órgão que antecedeu o FSB).

De acordo com o “Vzgliad”, por exemplo, há uma cidade subterrânea no distrito de Ramenki, em Moscou, entre a Universidade Estatal de Moscou e a rua Udaltsov, onde mais de 15.000 pessoas poderiam ser abrigadas. Sabe-se também que há um abrigo subterrâneo para o presidente e o comando militar localizado a 60 quilômetros de Magnitogorsk, na montanha Iamantau, perto do resort de Abzakovo.

“Mejgorie é uma cidade fechada perto da montanha de Iamantau, no sul dos Urais, e foi construída durante a Guerra Fria”, publicou o site Gazeta.ru. “Este local é muitas vezes apresentado na mídia como o ‘abrigo de Pútin’”.

Proteção tripla

Nos anos 1980, a URSS já dispunha de abrigos para a liderança do país, e a Rússia pós-soviética continuou desenvolvendo sistemas de defesa nuclear durante o mandato de Boris Iéltsin. Sob Pútin, porém, esses “sistemas foram modernizados e agora podem operar por três meses”, disse o general Ivachov ao ‘Vzgliad’.

Atualmente, a segurança da alta cúpula do governo russo é totalmente garantida, segundo os observadores, e “muito mais do que apenas um sistema de abrigos”.

“Existem sistemas de defesa espacial antimíssil e de alerta contra ataque de mísseis”, explica o tenente-general Andrêi Bijev, ex-vice-comandante-chefe das Forças Aeroespaciais russas. “Nenhum movimento das forças nucleares estratégicas do lado oposto, nem um teste de lançamento sequer, passa despercebido pelas Forças Aeroespaciais Russas. Há um esquema de segurança tripla: um sistema global de alerta antimíssil que é duplicado por um grupo orbital no espaço.”

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