Rússia vai reforçar defesa costeira no Ártico

Cadete durante treinamento na região de Amur

Cadete durante treinamento na região de Amur

Ígor Agueienko/RIA Nôvosti
Analista militar fala sobre potência e objetivos de implantação de armas nas recém-criadas unidades de defesa costeira do Ártico.

O Ministério da Defesa russo vai fortalecer sua infraestrutura militar na região do Ártico, que vai da fronteira com a Noruega às ilhas Curilas, no Japão. Segundo o chefe da pasta, Serguêi Choigu, serão criados dois novos comandos de defesa nas áreas costeiras da Passagem do Nordeste, também chamada rota marítima do norte.

O objetivo, segundo descreveu o jornal moscovita “Izvêstia”, é garantir a segurança na passagem e ao longo das costas adjacentes. As novas unidades militares ficarão provavelmente estacionadas na base das tropas costeiras da Frota do Norte, na Península de Kola.

Diferenças geográficas

Os comandos de defesa costeira serão organizados e equipados de maneira diferente, dependendo de seus objetivos e localização geográfica, explica o coronel aposentado e analista militar dos TASS, Viktor Litóvkin.

As necessidades das defesas costeiras no sul quente da Rússia, por exemplo, diferem das exigências nas condições árticas de Tchukotka.

Exercícios em Amur simulam condições no Ártico Foto: Ígor Agueienko/RIA NôvostiExercícios em Amur simulam condições no Ártico Foto: Ígor Agueienko/RIA Nôvosti

“É difícil imaginar que um comando do Ártico teria tanques que no inverno enfrentariam neve profunda e ficariam imobilizados, enquanto no verão afundariam na tundra musgosa”, diz Litóvkin.

“O mesmo acontece com artilharia autopropulsada e com sistemas móveis de mísseis antiaéreos de longo alcance, que exigem condições adequadas para se movimentarem nas estradas locais ou, mais exatamente, na ausência delas”, acrescenta.

Sistemas na tundra

Litóvkin acredita que as forças militares costeiras se moverão sobre a tundra em veículos off-road (para terrenos acidentados) no verão, motoneves no inverno, ou em veículos blindados leves equipados com metralhadoras pesadas, lançadores de granadas e lança-chamas.

Sistemas de defesa antiaérea de curto alcance também terão de ser instalados em motoneves ou algo semelhante; já os sistemas Tor-M2 e Pantsir-S1, produzidos em versões modulares, podem ser implantados em qualquer forma de transporte.

Os sistemas de mísseis antiaéreos S-400, bem como os Bal e Bastion, precisam, porém, de plataformas estacionárias.

“O objetivo é cobrir o Estreito de Bering com seu potencial destrutivo para que navios de combate estrangeiros com sistemas de defesa aérea e mísseis de cruzeiro de longo alcance não se movam para oeste ao longo do estreito”, explica Litóvkin.

As unidades costeiras de defesa na península de Kola, em arquipélagos do Ártico e nas ilhas Curilas terão as mesmas funções.

Bastião e Bal

Em 2016, foi anunciado que os sistemas de mísseis antinavio Bal e Bastion haviam sido implantados nas ilhas Curilas de Iturup e Kunashir. Paralelamente, os sistemas Pantsir-S1 entraram em operação em Kamtchatka.

O sistema de mísseis costeiros Bastion, exportado sob o nome Yakhont, é equipado com mísseis supersônicos P-800 Onix e pode destruir navios de vários tamanhos e tipos. Um sistema, com até 36 mísseis, é capaz de proteger 50 km de linha costeira.

Enquanto isso, o Bal, que porta mísseis antinavio de baixa altitude e subsônicos X-35, destrói alvos terrestres e submarinos a uma distância de cerca de 160 km, além de navios com um deslocamento de até 5.000 toneladas. O míssil pode ser usado em condições meteorológicas tanto simples como difíceis, durante o dia a noite, e mesmo sob disparos ou bloqueio eletrônico do inimigo.

Míssel subsônico X-35, do sistema Mal, tem alcance de 160 km Foto: mil.ruMíssel subsônico X-35, do sistema Mal, tem alcance de 160 km Foto: mil.ru

Publicado originalmente pela agência de notícias TASS

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