Míssil balístico intercontinental Bulava falha em teste e cai no mar Branco

Dos 26 testes já realizados com Bulava, 8 falharam

Dos 26 testes já realizados com Bulava, 8 falharam

Divulgação
Apenas um dos dois novos mísseis balísticos intercontinentais da Rússia atingiu o alvo durante testes recentes no mar Branco. Para especialistas, resta saber se foi um defeito de fabricação ou se a nova arma apresenta problemas mais sérios.

Dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla em inglês) Bulava foram lançados, na noite de quarta-feira passada (28), a partir do submarino nuclear Iúri Dolgorúki. No entanto, um deles se autodestruiu após a primeira fase de voo e caiu no mar.

Pela programação dos testes, o veículo deveria submergir a uma profundidade de 50 metros no mar Branco e atacar um alvo no lado oposto da Rússia, mais precisamente no campo de tiro de Kura, na península de Kamtchatka.

Os mísseis transportavam ogivas eletrônicas (em vez de nucleares) que transmitiam informações de voo para o centro de controle.

Embora o Ministério da Defesa tenha se negado a comentar o incidente, fontes militares do portal Gazeta.ru alegam que o míssil teria sido ligeiramente danificado durante lançamento, o que impossibilitou sua chegada ao destino previsto.

Teorias para falha

Esta não foi a primeira vez que o Bulava apresentou falhas durante o lançamento: dos 26 já realizados, 8 falharam.

No entanto, apesar das estatísticas, os especialistas insistem que ainda é cedo descrever o projeto como “malsucedido”, uma vez que a maioria das tecnologias de combate não atingem de imediato o nível necessário de confiabilidade.

Exemplo disso é o R-36M2 Voevoda, o míssil balístico intercontinental mais pesado e poderoso da Rússia, que também explodiu no ar e caiu durante os primeiros 30 testes. Desde então, porém, foi aperfeiçoado e ganhou nova reputação.

“No caso do Bulava, foi feita uma série de erros durante sua construção”, disse uma fonte no Ministério da Defesa à Gazeta Russa.

“Em primeiro lugar, os desenvolvedores, que nunca tinham trabalhado com ICBMs para submarinos nucleares, limitaram-se, em certas fases, a modelos de computador em vez de realizar testes no mar. Além disso, o governo não deveria tentar otimizar custos e prazos unificando mísseis terrestres e marítimos”, explicou a fonte.

As falhas do míssil poderiam também estar relacionadas, segundo os especialistas, à ausência de melhorias após testes bem-sucedidos, ou a defeitos de fabricação.

“É preciso atentar para a data exata de produção do míssil”, diz Vladímir Ievseiev, vice-diretor do Instituto de Países da CEI (Comunidade dos Estados Independentes). “[Este míssil Bulava] foi produzido durante o período de lançamentos fracassados, quando havia defeitos técnicos, ou depois de ter sido fornecido às forças armadas?”.

O observador alerta ainda para a urgente necessidade de se conduzir uma investigação séria das possíveis causas do incidente.

“Se parte dos mísseis fornecidos ao Exército russo se romper após o lançamento, isso poderia reduzir a prontidão de combate das forças nucleares da Rússia e até mesmo levar a uma catástrofe tecnogênica”, acrescenta Ievseiev.

Infográfico: TASSInfográfico: TASS

Submarinos de nova geração

A Marinha russa conta atualmente com três submarinos nucleares da classe Borei (Projeto 955), que foram produzidos para lançamentos de mísseis Bulava.

Cada um desses veículos é capaz de portar até 16 Bulavas, cujo alcance chega a 8.000 quilômetros. Além disso, esses mísseis podem conter de 6 a 10 ogivas nucleares hipersônicas e manobráveis guiadas individualmente, o que permite alterar a altura e direção dos projéteis durante a trajetória de voo.

Até 2020, serão recebidos até oito submarinos estratégicos dos projetos Borei e Borei-A (modificação que tornará possível transportar 20 unidades de Bulava).

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