Forças nucleares dos EUA na Europa não ameaçam Moscou

Caças F-22 Raptor norte-americanos em chegada à base aérea de Mihail Kogalniceanu, no sudeste da Romênia

Caças F-22 Raptor norte-americanos em chegada à base aérea de Mihail Kogalniceanu, no sudeste da Romênia

AP
Para especialistas russos, nova bomba nuclear impulsiona reinício do diálogo sobre redução de armas estratégicas ofensivas.

Os Estados Unidos estão se preparando para atualizar seu arsenal nuclear tático na Europa. Em 2020, o país começará a substituir as antigas bombas termonucleares por bombas de nova geração B61-12.

Segundo o porta-voz do presidente russo, Dmítri Peskov, os militares ainda avaliarão a necessidade de responder às ações norte-americanas.

Características do novo B61

De acordo com o analista militar da agência de notícias TASS, Víktor Litóvkin, a principal novidade da B61-12 será a capacidade de controlar a explosão. Os pilotos poderão acionar a bomba remotamente sobre o território do inimigo ou no subsolo.

"A B61-12 é uma bomba nuclear tática de queda livre com uma potência de até 340 quilotons", explica Litóvkin.

An empty B61 multipurpose thermonuclear tactical bomb is on display at the Atomic Testing Museum, Feb. 11, 2005, in Las Vegas. Foto: AP An empty B61 multipurpose thermonuclear tactical bomb is on display at the Atomic Testing Museum, Feb. 11, 2005, in Las Vegas. Foto: AP

Diversos caças de quinta geração norte-americanos, inclusive os F-22 Raptor, os F-35 Lightning II, os A-10 Thunderbolt e os F-16 poderão ser equipados com a nova bomba termonuclear.

"No momento, as ogivas nucleares dos modelos anteriores estão nas bases das Forças Aéreas dos Estados Unidos na Alemanha, Holanda, Itália, Bélgica e Turquia", diz Litóvkin.

Ameaça à Rússia

Segundo o pesquisador-chefe do Instituto da Economia e Relações Internacionais da Academia das Ciências da Rússia, Vladímir Dvôrkin, a modernização das armas nucleares tácticas dos Estados Unidos é um processo de rotina que não represente novas ameaças à segurança da Rússia.

“Todos os tipos de armamentos têm períodos de garantia. Neste caso, trata-se da substituição programada de armamentos antigos”, disse Dvôrkin.

Segundo ele, nas mãos das nações civilizadas, bombas atômicas são armas de dissuasão, e não de ataque.

“Os americanos estão modernizando a B61 para esquecer da necessidade de atualizar os arsenais nucleares táticos na Europa por décadas”, disse.

Os especialistas militares afirmam que a Rússia não vai responder à modernização.

“A Rússia também está modernizando suas forças nucleares e sistemas de defesa antiaérea”, diz o analista militar do jornal Izvêstia, Dmítri Safonov.

Segundo ele, nenhum acordo internacional entre Moscou e Washington regula as capacidades quantitativas e qualitativas de armas nucleares táticas.

Atualmente, existe apenas o Tratado de Redução de Armas Estratégicas 3 (START-3, na sigla em inglês).

Segundo esse, a Rússia e os EUA concordam em limitar o número de portadores de ogivas nucleares a até 700 e o número de ogivas estratégicas a até 1.550.

"Novas bombas termonucleares russas e norte-americanas são altamente precisas e podem executar tarefas militares específicas. A determinação das características táticas e técnicas de armas nucleares poderá se tornar a base do próximo tratado de redução de armas estratégicas ofensivas”, completa Safonov.

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