Nicarágua tem motivos para comprar novos tanques

Primeiro lote de "Águias Brancas" já chegou à Nicarágua. Foto: TASS

Primeiro lote de "Águias Brancas" já chegou à Nicarágua. Foto: TASS

TASS
Rússia começou, no final de abril, a cumprir o contrato de fornecimento de tanques T-72B1 às Forças Armadas da Nicarágua. O primeiro lote, composto por 20 veículos, já foi entregue.

A Nicarágua já recebeu o primeiro lote de tanques russos T-72B1, cujo acordo de venda foi divulgado em maior de 2015.

Segundo o documento, o país latino-americano comprou 50 veículos similares do Ministério da Defesa russo. Os tanques estão sendo modernizados na planta de reparos de blindados Strelna, nos arredores de São Petersburgo, para serem enviados ao comprador.

De acordo com o site do departamento de compras públicas, trata-se dos tanques "Águia Branca", equipados com um sistema de controle de tiros diurnos e noturnos, e mira panorâmica diurna e noturna, batizada de "Olho de Falcão".

Além disso, os tanques contam com um dispositivo de rastreamento automático de objetos, sistema de navegação, e proteção contra munição cinética.

O embaixador da Nicarágua na Rússia, Juan Ernesto Vásquez Araya, declarou, em 2015, durante a celebração do Biatlo de Tanques, que o país estava interessado na compra dos T-72. A seleção da Nicarágua participou da competição usando os mesmos blindados, rendendo experiência aos soldados do país com uso do tanque.

O exército da Nicarágua estápassando por modernização, de acordo com declarações feitas em meados de 2014 por alguns observadores militares do país.

O país também tem comprado armamentos da Rússia: equipamentos policiais, lança-mísseis, patrulhas e veículos blindados.

Apesar disso, o volume total da cooperação técnico-militar entre a Rússia e a Nicarágua ainda é baixo.

Mesmo assim, a compra dos tanques por um valor de 80 milhões de dólares muda a situação e transforma a Nicarágua em um dos principais clientes no setor da Rússia na América Latina.

Inquietação

A aparição dos tanques não passou despercebida na região, onde deve provocar inquietação dos vizinhos da Nicarágua.

Apesar de ser o maior país em extensão no território da América Central, os 50 tanques, relativamente modernos, de que já dispõe seu exército são considerados uma quantidade desproporcional de veículos de combate, sobretudo pelo fato de que a Costa Rica, que faz fronteira com o sul da Nicarágua, não tem exército, e Honduras, vizinha do norte, é consideravelmente inferior em quantidade de equipamento militar.

"Os tanques são um jogo caro demais para lutar contra rebeldes e os grupos armados ilegais. Portanto, a Nicarágua vê uma ameaça exterior potencial em seus vizinhos. Isso poderia estar relacionado, por um lado, a antigos conflitos territoriais e fronteiriços, e, por outro, com os temores do [presidente nicaraguense] Daniel Ortega de que os países vizinhos cedam à pressão dos Estados Unidos e, como consequência, exista a probabilidade de uma intervenção militar procedente de outro território com algum pretexto inventado", explica o historiador militar Aleksandr Sukhánov.

"A Nicarágua tem um relevo muito diverso. Tem áreas montanhosas e terrenos pantanosos, mas também tem planícies com uma rede de estradas. Optando-se por colocar tanques aos redor das fronteiras para que realizem manobras táticas, é possível frustrar uma operação militar procedente de territórios limítrofes", diz o analista.

A intensificação da cooperação técnico-militar da Rússia com esse antigo aliado centro-americano pode estar relacionada à "construção do século": a criação de um canal alternativo ao do Panamá na Nicarágua

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