Washington acusa Moscou de violações e reforça escudo antimíssil na Europa

Washington aterroriza Leste Europeu para estimular venda de armas à região, segundo especialista

Washington aterroriza Leste Europeu para estimular venda de armas à região, segundo especialista

Reuters
Pentágono anunciou medidas para desenvolver seu sistema de defesa aérea no Leste Europeu, em resposta a acusações mútuas sobre possíveis violações do Tratado INF. Acordo prevê redução gradual do número de mísseis balísticos e de cruzeiro.

Em discurso na semana passada, o assistente do vice-secretário de Defesa dos EUA para assuntos políticos, Brian McKeon, destacou que, devido a supostas violações do Tratado INF (Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário) por parte da Rússia, Washington está reforçando as medidas de segurança no Leste Europeu.

“Estamos desenvolvendo e implementando uma estratégia de resposta às operações militares russas, incluindo alterações e ampliações no escudo antimísseis a fim de deter o potencial ofensivo da Rússia”, disse McKeon perante o comitê do Senado para as Forças Armadas dos EUA.

Em virtude da declaração, o observador militar Viktor Litôvkin classificou as ações norte-americanas como uma tentativa de promover e “impor” seus sistemas militares à Europa. 

“Washington continua aterrorizando a região com uma suposta ameaça russa para promover a sua tecnologia militar entre os países da Otan. Trata-se de obter mais receitas para o orçamento dos EUA, além de maior influência política”, disse Litôvkin.

Segundo o especialista, os EUA estão se preparando para vender à Europa o Patriot PAC-3, um modelo semelhante ao sistema antimísseis russo S-300. “Este sistema irá complementar os sistemas de defesa aérea atualmente em construção na Polônia e na Romênia”, ressalta.

Apesar das discordâncias mútuas, Moscou e Washington insistem no compromisso de avançar com o trabalho conjunto em relação ao tratado.

“Estamos abertos a um diálogo sincero e concreto, sem motivação eleitoral para evitar qualquer preocupação”, declarou o chanceler russo Serguêi Lavrov, ainda em 2015. A Casa Branca também apoiou, em suas declarações, a ideia de manter o acordo vigente entre os dois países.

Contra Moscou

De acordo com o Pentágono, os mísseis de cruzeiro R-500, vendidos como complemento do sistema de mísseis táticos operacionais Iskander-M, são capazes de abater alvos a mais de 500 km de distância. 

Além disso, os EUA também garantiram que o novo míssil balístico intercontinental RS-26 Rubej também seria englobado pelo Tratado INF, uma vez que pode ser usado contra alvos com raio de alcance contra as regras estabelecidas pelo Tratado INF.

Moscou alega, porém, que Washington não recebeu qualquer prova documental que as justifique e, segundo os diplomatas russos, as acusações seriam uma estratégia puramente eleitoral.

“Eles se limitam a dizer: ‘nós testamos o míssil, vocês já sabe, do que se trata’. Mas isso não é uma acusação séria”, disse Lavrov, em coletiva de imprensa em 2015.

De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, o alto comando político e militar russo está aberto a iniciar um trabalho bilateral para resolver qualquer problema relacionado com o Tratado INF.

No entanto, no final do ano passado, as autoridades norte-americanas declararam a possibilidade de introduzir novas sanções econômicas contra Moscou devido a supostas violações do tratado.

Contra Washington

O governo russo teme que a missão do escudo antimíssil dos EUA no Leste Europeu passe a ser classificada como ofensiva, em vez de defensiva, segundo o vice-diretor do Instituto de Análise Política e Militar, Aleksandr Khramtchíkhin.

“É possível desenvolver o escudo antimísseis dos EUA para uso de mísseis de cruzeiro nas plataformas de lançamento”, declarou Khramtchíkhin, “sobretudo em plataformas de lançamento antimísseis Standard SM-3”.

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