Startup de Moscou desenvolve geração de plantas que brilham no escuro

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Pesquisadores acreditam que tecnologia poderia ajudar a visualizar proliferação de células cancerígenas e ser usada como iluminação de rua.

Árvores, flores, borboletas e até peixes brilhantes poderão iluminar o caminho pela escuridão. Pelo menos é o que promete uma pesquisa divulgada na PNAS, publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Segundo os cientistas, é possível gerar luz em praticamente qualquer criatura viva. Mais de 100 espécies de cogumelos já emitem luz naturalmente – fenômeno chamado bioluminescência e descrito desde Aristóteles. Ocorre quando uma substância chamada luciferina sofre oxidação com a ajuda da enzima luciferase, emitindo luz.

A bioluminescência é encontrada em muitas espécies, de vermes brilhantes a peixes de águas profundas. Vaga-lumes e cogumelos brilhantes são comuns à noite escura na praia e, ainda mais, em florestas brasileiras.

No entanto, até recentemente, a processo bioquímico que gera luz por meio de luciferina não era compreendido em nenhum organismo, exceto nas bactérias. A falta de conhecimento dificultava as tentativas de fazer animais e plantas brilharem. 

Tudo brilha com os novos genes

Um grupo de cientistas do Instituto de Química Biológica, em Moscou, identificou pela primeira vez os principais genes que possibilitam a bioluminescência em fungos. Ao analisar o genoma, a equipe identificou as enzimas que contribuem para a síntese da luciferina.

Comparando cogumelos que brilham com aqueles que não o fazem, também descobriram como a duplicação de genes permitiu a evolução da bioluminescência mais de cem milhões de anos atrás.

“A bioluminescência é benéfica ou apenas um produto secundário? Não sabemos ainda”, diz Iliá Kondrashov, principal autor do estudo. “Há evidências de que o brilho atrai insetos que distribuem os esporos. Mas não acho que seja convincente.”

Nos experimentos, os pesquisadores colocaram três genes necessários para gerar luminescência na levedura.

“Não ministramos uma substância química que faça a levedura brilhar. Em vez disso, fornecemos as enzimas necessárias para converter um produto metabólico, já presente na levedura, em luz”, explica Kondrashov.

Plantas brilhantes viram postes

Os cientistas criaram uma startup, a Planta, para desenvolver a primeira iluminação de rua com base em engenharia de plantas.

De acordo com Karen Sarkisyan, fundadora da startup, a empresa vai se especializar na criação e venda de plantas luminosas. “Desenvolver e comercializar plantas para os consumidores levará alguns anos. A cronologia é determinada sobretudo pelo tempo de crescimento e reprodução das plantas em si”, diz Sarkisyan.

A tecnologia também poderia ajudar a criar novos medicamentos, bem como ser usada para a visualização de alta resolução da proliferação de células cancerígenas.

“Estamos colaborando com uma empresa dos EUA que desenvolve reagentes para pesquisas biológicas e médicas, mas não posso fornecer detalhes devido ao acordo de confidencialidade”, diz Sarkisyan.

Atualmente, a Planta está direcionada para mercados dos EUA e da Ásia, onde as regulamentações para plantas geneticamente modificadas são menos rigorosas do que na Rússia, Europa e América Latina. Segundo o cientista, algumas empresas na América do Norte já manifestaram interesse pela tecnologia.

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