Hormônio do sono ajuda a prevenir o envelhecimento

A descoberta dos cientistas russos é parte de um grande projeto que visa à criação de medicamentos que fortaleçam as mitocôndrias.

A descoberta dos cientistas russos é parte de um grande projeto que visa à criação de medicamentos que fortaleçam as mitocôndrias.

David Ellis/Global Look Press
Cientistas demonstraram benefícios da melatonina em experimento com ratos.

O uso de melatonina, hormônio responsável pela regulação do sono, é capaz de restabelecer o funcionamento normal do organismo e "frear" o processo de envelhecimento das células, segundo estudos do Instituto de Biofísica Teórica e Experimental da Academia Russa de Ciências.

Cientistas do instituto submeteram mitocôndrias isoladas do fígado de ratazanas à administração prolongada do hormônio e descobriram que essas organelas celulares, responsáveis pela produção de calor e energia, permaneceram intactas e não se deterioraram com o passar do tempo.

Em condições normais, conforme as mitocôndrias envelhecem, aparecem em suas membranas poros através dos quais elas perdem enzimas indispensáveis ao seu funcionamento normal. Porém, como se verificou, a administração contínua de melatonina manteve as mitocôndrias em boa forma, tanto em ratazanas jovens como nas muito velhas.

Impulso elétrico para a célula

“Nossas pesquisas mostraram que com o uso da melatonina diminui visivelmente a liberação de citocromo c, proteína responsável pela ‘respiração’ celular, para fora das mitocôndrias”, disse Olga Krestínina, pesquisadora sênior do instituto que participou do experimento. “Esse efeito inibidor da melatonina também permite conservar outros importantes compostos químicos dentro da mitocôndria. Por exemplo, a enzima CNPase (2'3' nucleotídeo cíclico 3' fosfodiesterase), que não deixa a mitocôndria se deteriorar. Quando o organismo envelhece, a quantidade dessa enzima se reduz, mas nós fomos capazes de mantê-la no nível adequado”, explicou.

Os nucleotídeos cíclicos mantêm as mitocôndrias em uma condição que permite a produção de quantidade suficiente de calor e impulsos elétricos no organismo. É por isso que as mitocôndrias são chamadas de “centrais energéticas”, que alimentam todas as células do organismo.

Membranas que envelhecem

Em suas experiências, os cientistas descobriram que o envelhecimento das células não é ocasionado por mutações relacionadas à idade, como se pensava anteriormente. O motivo está nas membranas, ou seja, nos envoltórios presentes nas células e nas organelas celulares: com o passar do tempo elas se deterioram e todos os compostos químicos necessários simplesmente “escoam” através dos poros que vão surgindo. O hormônio melatonina é capaz de “alimentar” de forma eficaz a membrana mitocondrial, conservando-a em condições normais.

"Com o envelhecimento, a quantidade de melatonina no organismo sofre rápida redução e, ao mesmo tempo, a concentração de íons de cálcio diminui”, disse Krestínina. Isso leva à alteração da função da célula e, consequentemente, à sua morte. “Mas, além do envelhecimento, esses processos também podem ocorrer na presença de doenças do coração, de choque séptico e durante o desenvolvimento de doenças como Parkinson e Alzheimer. A alteração da atividade mitocondrial leva à produção de grandes quantidades de formas reativas de oxigênio, desenvolvendo no organismo o estresse oxidativo”, continuou.

Como retardar a oxidação celular

Cientistas russos decidiram verificar se é possível retardar a oxidação das células, introduzindo diretamente na mitocôndria uma substância que pudesse extinguir as moléculas de oxigênio que destroem os tecidos celulares. A escolha recaiu sobre a melatonina por ser um hormônio encontrado em excesso nos organismos jovens e que se torna insuficiente nos organismos à medida em que estes envelhecem.

A descoberta dos cientistas russos é parte de um grande projeto que visa à criação de medicamentos que fortaleçam as mitocôndrias. No futuro, planeja-se utilizar as formulações obtidas não apenas para o rejuvenescimento do organismo, mas também para o tratamento de tumores malignos e doenças hepáticas e cardíacas.

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