Rússia e EUA colaboram para salvar ursos polares

Filhote de urso polar na ilha de Wrangel

Filhote de urso polar na ilha de Wrangel

B. Korobeinikov/RIA Nôvosti
Estudo conjunto de 180 animais que vivem no Extremo Norte resultará em plano de três anos para preservação de animais. Parceria entre países já existe desde 2007.

Rússia e EUA estão realizando uma pesquisa conjunta dos ursos polares que vivem na fronteira entre Tchukotka, no Extremo Oriente russo, e o estado norte-americano do Alasca – uma das 19 populações de ursos preservadas no planeta.

O objetivo é que os estudos no local, conduzidos no final de 2016, formem a base para o desenvolvimento de um plano de três anos para a conservação dos animais.

“Estudos anteriores foram realizados mais de dez anos atrás. Durante esse período, o clima e a população mudaram. Os especialistas que estudam ursos polares estão aplicando uma abordagem mais moderna para a sua monitorização. Como a população de ursos [nas duas regiões], é preciso entender o que acontece em ambos os lados”, diz o diretor do parque natural na ilha de Wrangel, Aleksandr Gruzdev.

É por isso que, segundo o especialista, a metodologia inclui parâmetros como análise genética, composição populacional por sexo, sobrevivência das crias e nutrição.

“Nos EUA, vê-se mais ursos na primavera e no verão, enquanto ainda há gelo. Na Rússia, chegam no outono, enquanto o gelo não se formou e podem caçar”, continua.

O acordo para preservação e gestão da população de Tchukotka e do Alasca entre os governos da Rússia e dos EUA entrou em vigor ainda em 2007.

O documento, que estabelece que ambos os países são igualmente responsáveis ​​pela preservação dos ursos, reconhece que a gestão deve ser baseada em informações biológicas, incluindo dados científicos e conhecimentos dos povos nativos.

Humanos mais perigosos que clima

Os cientistas consideram a reserva  natural da ilha de Wrangel, no Ártico, o “local de nascimento” dos ursos polares. Seu território ocupa mais de 2,2 milhões de hectares, nos quais vive a maior população de ursos polares do planeta.

De acordo com censo realizado em 2013, há mais de 6.000 animais do tipo na região, embora este número diminua a cada ano.

“Os ursos vivem, em grande parte, sobre as calotas polares. E se anos atrás víamos no verão blocos de gelos a vários quilômetros da costa, agora o gelo está se desfazendo e se encontra a dezenas de quilômetros além do horizonte, o que influencia a vida dos ursos polares”, explica Gruzdev.

Segundo ele, já houve na história períodos de aquecimento global em que os ursos tiveram de se deslocar da costa para florestas e tundra. “A atual mudança climática não irá causar a extinção das espécies”, garante o especialista, antes de acrescentar que “apenas a intervenção humana poderá ser responsável pela tragédia”.

Além disso, os moradores do Extremo Norte (que, para salvar suas vidas, precisam muitas vezes matar esses predadores) não são a única ameaça para os ursos polares.

Os animais são também alvo de caçadores e ataques de marinheiros de vários países que praticam a pesca nas águas costeiras.

“Houve casos em que, ao ver um urso nadando no mar, os pescadores começaram a persegui-lo sem deixar que o animal alcance o gelo ou a costa. Torturam os animais por horas até que eles se afoguem”, conta Gruzdev.

“Felizmente, as autoridades intensificaram o controle e, durante os últimos cinco anos, aconteceu apenas um caso do tipo. E os infratores foram presos”, acrescenta.

Além disso, um dos resultados da 8ª reunião da comissão russo-americana para preservação de ursos polares foi a assinatura de um acordo que estabelece um nível  ecologicamente aceitável de caça. Em 2016, por exemplo, os locais foram autorizados a capturar, no máximo, 58 animais, dos quais apenas um terço do sexo feminino.

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