Cientistas da Sibéria propõem método menos invasivo para tratar câncer

Partículas de nova droga têm a capacidade de se acumular de forma seletiva nas células tumorígenas

Partículas de nova droga têm a capacidade de se acumular de forma seletiva nas células tumorígenas

Serguêi Guneev/RIA Nôvosti
Com uso de microrraios, cientistas de Novosibirsk garantem maior eficácia e menos efeitos que métodos convencionais. País também investe em primeira droga de terapia-alvo.

Um novo método de terapia com microrraios está sendo pesquisado na Rússia para o tratamento de tumores malignos. Além de aumentar a eficácia do procedimento, a técnica promete minimizar significativamente o efeito sobre as células saudáveis.

A ideia dos cientistas do Instituto de Citologia e Genética e do Instituto de Física Nuclear G. Budker, em Novosibirsk, é dividir a radiação em várias dezenas de raios finos, de modo semelhante a uma ducha.

O “escalpelo radiológico” se converte, assim, em dezenas de “microescalpelos” que provocam menos lesões nas células saudáveis. Pelos métodos tradicionais, seja quimio ou radioterapia, os tecidos saudáveis sofrem danos consideráveis.

“Utilizamos uma espécie de tapete com uma abertura de 0,1 mm de diâmetro e, assim, obtemos um efeito terapêutico para a dose de radiação necessária”, explica Nikolai Vinokurov, da Academia Russa de Ciências.

“Nos testes de radiação de cultivos celulares de gliomas humanos, descobrimos que os tumores morrem, enquanto os tecidos sofrem um dano insignificante e conseguem se regenerar”, continua o cientista.

Entre outros avanços de sua metodologia está o uso de manganês. Os pesquisadores realizam agora experimentos com ratos acometidos por doenças oncológicas. Se os testes forem bem-sucedidos, começarão os ensaios clínicos com humanos.

“Essas partículas têm a capacidade de se acumular de forma seletiva nas células tumorígenas”, diz o pesquisador sênior do Instituto de Física Nuclear, Boris Goldenberg. “Isso reforça o efeito, pois estas células morrem mais rapidamente.”

Primeira terapia-alvo russa

A Rússia se uniu este ano aos maiores produtores mundiais de terapia-alvo para o tratamento de câncer, isto é, medicamentos que podem bloquear a evolução de tumores ao afetar as moléculas que estimulam o crescimento de células cancerígenas.

“Chegamos a um estágio avançado em que aprendemos a criar drogas de alta precisão para bloquear o desenvolvimento de tumores”, disse a ministra russa da Saúde, Veronika Skvortsova, ao canal de TV Rossiya 24 nesta quarta-feira (28).

A primeira droga do tipo produzida no país, a PD-1, mostrou resultados excelentes na remoção de melanomas metastáticos, segundo a ministra. A expectativa é que esteja disponível para venda dentro de 12 a 18 meses.

“Os Estados Unidos são o único país que tem um análogo ao PD-1, mas, considerando as publicações disponíveis para nós, o análogo americano é menos eficaz do que a nossa droga”, concluiu Skvortsova.

Com Rossiyskaya Gazeta e a agência de notícias Tass

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