'Venera D' permitirá missão a Vênus em 2026

Soviéticos já enviaram nave a Vênus em 1975, mas condições extremas não permitiram sua manutenção.

Soviéticos já enviaram nave a Vênus em 1975, mas condições extremas não permitiram sua manutenção.

ESA
Missão conjunta entre Nasa e Roscosmos enviará novo equipamento resistente a condições extremas do planeta.

A agência espacial russa Roscosmos e a norte-americana Nasa começaram a desenvolver o projeto Venera D. Trata-se da criação de um novo dispositivo que será lançado até Vênus e poderá passar vários dias na superfície do planeta.

A União Soviética enviou diversas missões para Vênus na década de 1970, mas todos os dispositivos que se aproximavam do planeta pararam de funcionar devido às condições extremas da atmosfera no planeta. A nova missão, que deverá ser realizada em 2026, será a mais longa na história.

"Esse tipo de pesquisas tem um componente econômico de longo prazo. Com a continuada exploração de recursos naturais, a população enfrentará a escassez. Assim, os minerais de outros planetas serão a base da indústria do futuro", diz o acadêmico da Academia Russa de Cosmonáutica Tsiolkôvski, Aleksandr Jelezniakov.

Ao contrário de Marte, onde foi descoberta água, Vênus é um deserto sem vida. A temperatura de sua superfície, na sombra, é de 467 graus Celsius positivos. O planeta é coberto com uma densa camada de nuvens, a atmosfera é composta quase inteiramente de dióxido de carbono e a pressão atmosférica é 93 vezes maior do que na Terra.

"O clima em Vênus é catastrófico. Devido ao aumento da temperatura, os oceanos evaporaram”, explica o vice-presidente da Academia das Ciências da Rússia, Lev Zelióni.

Segundo Zelióni, a nova missão Venera-D poderá estudar novos fenômenos físicos desconhecidos.

"Os dados sobre esse planeta colhidos pelos cientistas soviéticos nos anos 1970 e 1980 ainda são usados ativamente em todo o mundo. Falo aqui das informações obtidas por balões que sobrevoavam na atmosfera do planeta a 50 ou 55 km de altitude”, diz Zelióni.

Nave da estação automática soviética “Venera-4” (Vênus). / Nikolai Pashin/RIA NôvostiNave da estação automática soviética “Venera-4” (Vênus). / Nikolai Pashin/RIA Nôvosti

O primeiro lançamento de uma nave espacial a Vênus ocorreu em agosto de 1970, quando a estação interplanetária “Venera 7” fez a primeira aterrissagem bem-sucedida na superfície do planeta.

Em 1975, a sonda “Venera 9” transmitiu à Terra as primeiras imagens de sua superfície. Em 1982, a sonda “Venera 13” registrou fotografias coloridas panorâmicas e arquivos de áudio.

De acordo com Zelióni, a Rússia já criou um grupo de trabalho com o objetivo de repetir a experiência soviética no desenvolvimento da nave espacial Vega-2. Essa aterrissou no planeta em 1975 e será o protótipo para a nova Venera D.

Segundo Jelezniakov, a cooperação entre a Roscosmos e a NASA será eficaz e benéfica para ambas as partes.

Os cientistas russos criarão um centro de pesquisa portátil a bordo do Venera D, enquanto os americanos garantirão a "sobrevivência" do aparelho, graças a sua experiência de trabalho com materiais resistentes a condições atmosféricas agressivas.

A Nasa não confirmou oficialmente sua participação do projeto, embora tenha confirmado estar negociando com os russos sobre a missão conjunta.

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