Teste da 1ª bomba nuclear soviética completa 66 anos

Os trabalhos de desenvolvimento da bomba começaram em 1943.

Os trabalhos de desenvolvimento da bomba começaram em 1943.

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Bomba RDS-1 foi criada com a ajuda do serviço de inteligência da URSS.

Exatamente às 7h da manhã do dia 29 de agosto de 1949 um ofuscante clarão cobriu o local de testes militares de Semipalatinsk e seus arredores, os fios elétricos crepitaram e, em seguida, tudo ficou em silêncio. Os testes da RDS-1, a primeira bomba nuclear soviética, haviam sido bem-sucedidos.

Os trabalhos de desenvolvimento da bomba começaram em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, quando agentes de inteligência soviéticos trouxeram do Reino Unido trabalhos científicos secretos sobre energia nuclear. Naquela época havia agentes infiltrados também em vários centros de pesquisa nuclear dos EUA.

"Materiais referentes à bomba de plutônio dos EUA, entregues por agentes secretos, permitiram evitar uma série de erros na criação da RDS-1, reduzir significativamente os prazos de sua construção e os custos", disse Valentin Kostiukov, professor e diretor do Instituto Pan-Russo de Pesquisa de Física Experimental, à Gazeta Russa.

Ameaça à segurança nacional

A partir dos anos 1940, EUA, Reino Unido e União Soviética tentaram se antecipar uns aos outros na corrida armamentista. Os primeiros foram os Estados Unidos, que em 16 de julho de 1945 testaram com sucesso a bomba de monoestágio Gadget com base de plutônio, no deserto do Novo México.

Tanto os EUA quanto a União Soviética queriam mostrar ao mundo seus novos recursos militares. No fim da Segunda Guerra Mundial, foi decidido um ataque contra o Japão e, no dia 6 de agosto de 1945, uma bomba atômica norte-americana chamada Little Boy foi lançada sobre Hiroshima. Em 9 de agosto, a bomba Fat Man foi lançada sobre Nagasaki.

O bombardeio das cidades japonesas abalou o líder soviético Iossif Stálin. A criação de sua própria arma nuclear o mais rápido possível se tornou um dos principais objetivos da segurança nacional russa. Os melhores cientistas soviéticos da época trabalharam nela, incluindo Igor Kurtchatov e Piôtr Kapitsa.

O triunfo da Inteligência e dos Cientistas

O trabalho da Inteligência permitiu aos físicos soviéticos economizar tempo. "Desde o início ficou claro que muitas das soluções técnicas do protótipo americano não eram ideais”, disse Kostiukov. “Mesmo nas fases iniciais, os especialistas soviéticos podiam propor melhores soluções, tanto no que se refere à carga como um todo, como aos seus componentes individuais. Mas a exigência da liderança do país era a de obter uma bomba válida, de eficácia garantida e com o menor risco."

Modelo da primeira bomba nuclear soviética Foto: AFP/East News

Segundo Kostiukov, a decisão de aproveitar o esquema norte-americano já testado na prática era, para o ambiente tenso da época, a única correta a ser tomada. A construção da RDS-1 era uma repetição da bomba norte-americana Fat Man, com o invólucro balístico e o enchimento eletrônico concebidos pela equipe soviética.

Paz no papel

A informação de que a União Soviética estava criando sua própria arma nuclear preocupou o governo dos EUA. Em julho de 1949, foi desenvolvido o plano Trojan, segundo o qual os norte-americanos pretendiam lançar bombas atômicas sobre 70 cidades da URSS.

Eles tinham a certeza de que a União Soviética não conseguiria criar armas nucleares antes de 1954, no entanto, o teste bem-sucedido da primeira bomba da URSS ocorreu em 1949.

"Sem suas próprias armas nucleares, a União Soviética seria destruída mais cedo ou mais tarde ou, na melhor das hipóteses, inteiramente subjugada pelos Estados Unidos", disse Aleksadr Vdovin, doutor em Ciências Históricas e professor da Faculdade de História da Rússia.

Em 1970 entrou em vigor o tratado de não-proliferação de armas nucleares, que atualmente é assinado por 188 países. Em 1996 foi assinado o tratado internacional que proíbe testes nucleares. Depois dessa data, apenas a Índia, o Paquistão e a Coreia do Norte, que não são signatárias do tratado, realizaram testes.

De acordo com dados do Instituto para a Pesquisa da Paz Internacional de Estocolmo, atualmente existem cerca de 15.850 armas nucleares, pertencentes a vários países, incluindo os Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte. Cerca de 1.800 delas estão preparadas para um combate imediato.

Quais países possuem bombas?

No total, já foram realizados no mundo mais de 2.000 testes de armas nucleares. A URSS realizou 715 testes entre 1949 e 1990. Até agora, os EUA continuam sendo o único país a ter usado essa arma. Além dos EUA e da URSS, o Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte criaram armas nucleares.

 

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