Cientistas russos criam tecnologia para controlar icebergs

Assim que se torna claro que o iceberg se aproxima a uma distância perigosa da plataforma de petróleo, as embarcações de proteção contra o gelo receberão uma instrução para lidar com a ameaça.

Assim que se torna claro que o iceberg se aproxima a uma distância perigosa da plataforma de petróleo, as embarcações de proteção contra o gelo receberão uma instrução para lidar com a ameaça.

Shutter Stock/Legion Media
Sistema visa proteger plataformas de petróleo instaladas no Ártico.

Cientistas do Instituto de Pesquisa do Ártico e Antártida (AANII, na sigla em russo), em São Petersburgo, estão desenvolvendo novas tecnologias para controlar icebergs que ameacem a segurança das plataformas de petróleo russas no Ártico. Os testes devem começar em 2016.

Com a ajuda das novas tecnologias será possível prever com alguns dias de antecedência a rota de deslocamento dos blocos de gelo no Ártico. Caso representem algum perigo, os cientistas serão capazes de redirecioná-los de modo que passem mais distantes das plataformas de petróleo. Os testes devem ser iniciados no próximo ano no arquipélago de Svalbard e na parte russa do Ártico Ocidental, no mar de Barents e no mar de Kara, onde empresas russas desenvolvem trabalhos de exploração e produção de petróleo e gás.

O perigo dos icebergs

As empresas que exploram os campos de petróleo dessas regiões são constantemente confrontadas com situações inesperadas. Um dos principais perigos são as ameaças em forma de blocos de gelo, ou seja, campos de gelo, icebergs e seus fragmentos. Milhares de blocos se separam anualmente das geleiras de Spitsbergen, Terra de Francisco José, Terra Nova e outros arquipélagos, e ficam à deriva no oceano. O peso de um iceberg pode atingir vários milhões de toneladas, e em caso de colisão com as rígidas plataformas de petróleo, o gelo é capaz de destruí-las.

Com a ajuda de tecnologias desenvolvidas especificamente para trabalhar em condições árticas, tornou-se possível conhecer com antecedência o movimento dos icebergs e atuar sobre eles. Essas tecnologias já existem no Canadá e atualmente estão sendo desenvolvidas na Rússia.

“Em caso de perigo de iceberg, a nossa tarefa é ativar a ‘proteção de gelo’ nos navios que operam na plataforma”, explicou o chefe do projeto e vice-diretor do AANII, Aleksandr Danílov. “Prever esse tipo de ameaça é extremamente importante nos campos de petróleo e gás a grandes latitudes no mar de Barents e mar de Kara", completou.

Para evitar catástrofes, é preciso conseguir prever a rota dos icebergs com alguns dias de antecedência. Segundo os cientistas, a principal dificuldade está em conseguir detectar o bloco de gelo com a ajuda de satélites, drones ou aviões e calcular sua trajetória com a ajuda de um algoritmo que, além de informações sobre o próprio iceberg, leva em conta a dinâmica da atmosfera e a dinâmica da água e do gelo.

Assim que se torna claro que o iceberg se aproxima a uma distância perigosa da plataforma de petróleo, as embarcações de proteção contra o gelo receberão uma instrução para lidar com a ameaça. Com a ajuda de redes e cabos especiais, elas afastarão o iceberg para uma distância segura. No momento, os cientistas estão criando os sistemas de software e hardware para o sistema de detecção.

"O sistema será de grande utilidade prática, pelo menos estamos nos esforçamos para que assim seja. Para comandá-lo não é necessário ir ao Ártico, tudo pode ser feito em um único centro de controle na capital ou em qualquer outra cidade, e a informação será recebida rapidamente. A criação deste tipo de ferramenta permite ao nosso país se tornar autossuficiente na resolução de problemas no Ártico", disse Danilov.

Segundo o chefe do projeto, os cientistas russos já tiveram uma experiência séria de comando de icebergs no verão de 2014, durante a proteção dos trabalhos de perfuração na área de exploração da Rosneft no mar de Kara, no qual foi descoberto o gigantesco campo de petróleo Pobeda (vitória, em russo).

Ainda no âmbito do mesmo projeto, os cientistas estão desenvolvendo uma ferramenta de monitoramento para a previsão das alterações climáticas, da poluição dos territórios e águas, bem como dos perigosos fenômenos geodinâmicos característicos da plataforma continental e da zona costeira do Ártico.

Publicado originalmente por S&T RF

 

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