Nova versão do SSJ-100 pode ter motor de produção nacional

Modelo SSJ-100 possui atualmente motores Sam-146, projetados e produzidos por joint venture franco-russa

Modelo SSJ-100 possui atualmente motores Sam-146, projetados e produzidos por joint venture franco-russa

Marina Listseva/TASS
Vice-premiê sugere fim de cooperação com empresas estrangeiras na produção de motores, inclusive para os modelos SSJ-100 e MS-21. Embora iniciativa aumenta a estabilidade do crescimento da indústria no país, volume de produção reduzido dificultará concorrência no exterior.

Com o país afetado por sanções, o vice-premiê russo Dmítri Rogôzin sugeriu, a longo prazo, o fim da cooperação com empresas estrangeiras na construção de motores aeronáuticos. A ideia é que a indústria aeronáutica substitua os motores estrangeiros nos aviões nacionais SSJ-100 e MS-21 e nos helicópteros Mi-26, e crie um motor para o futuro helicóptero pesado russo-chinês.

“Uma solução extremamente interessante”, segundo o vice-premiê, já teria sido encontrada para promover a substituição dos motores estrangeiros. Em reunião com o presidente Vladímir Pútin na semana passada, Rogôzin explicou que a criação do motor necessita entre três a cinco anos, isto é, mais tempo do que o desenvolvimento da própria aeronave.

“Por isso é necessário criar uma reserva de antecipação, tendo como base a Fábrica de Motores de Perm [PMZ, na sigla em russo, que faz parte da ODK]”, disse.

Nas instalações em Perm, está sendo criada uma família de motores da nova geração com base em um gerador de gás que “permite expandir o segmento da construção de motores aeronáuticos com um impulso de decolagem de 9 a 16 toneladas”, acrescentou o vice-premiê.

Na reunião da semana passada, Rogôzin também pediu a Pútin que a estrutura de despesas no setor da Defesa seja alterada, combinando as tecnologias para construção de motores de embarcações marítimas e aeronaves. As propostas foram recebidas com surpresa.

Ainda em junho, a corporação Irkut, que desenvolve o avião MS-21 e faz parte da United Aircraft Corporation, informou que o motor nacional PD-14 será usado no fornecimento de aeronaves ao Ministério da Defesa e agências do Estado, mas, para clientes comerciais, estaria previsto o norte-americano GTS Pratt & Whitney.

Voo de independência

O modelo SSJ-100 possui motores Sam-146, projetados e produzidos pela PowerJet, uma joint venture formada pela russa Saturn e a francesa Snecma (parte do grupo Safran). Em junho passado, houve boatos de que a Snecma estaria insatisfeita com o reduzido e instável número de encomendas do SSJ-100 e de seu respectivo motor.

A ODK, segundo fontes do “Kommersant”, teria discutido planos para aumentar o investimento no Sam-146. A assessoria de corporação russa garante, porém, que “uma promissora linha de artigos está sendo criada com base no uso de geradores de gás”, para aplicação no futuro modelo SSJ-130, da família do SuperJet.

Uma das propostas da ODK é construir motores com impulso de 9 a 18 toneladas baseados no PD-14, e com impulso de 20 a 35 toneladas baseados no gerador de gás NC-32.

A UAC também deu apoio à ideia de a Rússia criar seus próprios motores, pois, segundo representantes da empresa, “isso aumentará a estabilidade do crescimento da indústria no país e permitirá gerar mais valor agregado”.

Apesar de as propostas se encaixarem nas tendências atuais de construção mundial de motores, o especialista do portal Aviation Explorer, Vladímir Karnozov, alerta para o fato de que, mesmo com elevados parâmetros técnicos, será difícil competir com concorrentes estrangeiros.

“Graças à elevada produção em série no mercado mundial, os fabricantes estrangeiros conseguem reduzir o custo da unidade”, explica.

Publicado originalmente pelo jornal Kommersant

 

Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies