Pesquisa com gêmeos mostra que DNA não determina personalidade

Apenas cerca de 1% da população mundial é composta por gêmeos Foto: Shutterstock

Apenas cerca de 1% da população mundial é composta por gêmeos Foto: Shutterstock

Para compreender por que algumas crianças têm maior facilidade de aprendizagem que outras, pesquisadores russos, em conjunto com britânicos, norte-americanos, japoneses, alemães e canadenses, analisaram 13 mil gêmeos em todo o mundo.

Os psicólogos denominam de "motivação" o esforço destinado a adquirir novos conhecimentos. Para descobrir como essa capacidade se forma e que papel os genes e o meio ambiente têm nesse processo, pesquisadores da Universidade Estatal de Tomsk, juntamente com cientistas do Reino Unido, EUA, Japão, Alemanha e Canadá, analisaram dados de 13 mil gêmeos em idade escolar nesses seis países. Os resultados do estudo foram muito semelhantes.

"Mesmo gêmeos univitelinos - que apresentam o mesmo código genético - que cresçam no mesmo ambiente familiar e estudem na mesma classe podem apresentar diferenças significativas em relação à abordagem quanto aos estudos", disse à Gazeta Russa a coordenadora do Centro Internacional para o Desenvolvimento da Pessoa em Tomsk, Iúlia Kovas. "Já os bivitelinos, que se desenvolvem de dois óvulos distintos e têm genes diferentes, são ainda mais divergentes em suas motivações”, acrescenta.

A constatação sugere que os genes são importantes, mas não determinam a motivação, e que a influência do meio ambiente se dá, em grande parte, de forma individual. Isso significa que, de acordo com os cientistas, genes iguais podem se manifestar de formas diferentes em um meio ambiente similar.

'Ansiedade matemática'

Apenas cerca de 1% da população mundial é composta por gêmeos, de acordo com Kovas, e os estudos foram baseados particularmente naqueles que vivem juntos, com a mesma família e estudam na mesma escola. Por meio desses, seria possível explorar fenômenos como a “ansiedade matemática”, ou seja, a relutância em aprender uma disciplina.

“Há relatos sobre um declínio na capacidade cognitiva das crianças em determinadas matérias, por exemplo a matemática, que pode gerar danos econômicos em escalas estatais. Por isso, é importante compreender os mecanismos de motivação das crianças nessas áreas. Além disso, se nossos estudos ajudarem as crianças a alcançar seus objetivos, será o início de uma mudança positiva e fundamental na sociedade”, conclui Kovas.

O início das pesquisas se concentrou justamente na capacidade que as crianças tinham em aprender matemática. Afinal, a linguagem da disciplina é universal, apesar das diferenças dos programas educacionais nos diversos países. Posteriormente, o projeto se expandiu, e agora engloba todo o processo educacional, sobretudo os interesses, as motivações e as particularidades culturais.

“Estudamos uma variedade de fatores que influenciam a personalidade da criança, incluindo os biológicos, sociais, perinatais e pós-natais. A ciência há muito provou que os processos precoces são importantes para o desenvolvimento”, diz Kovas.   

 

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