Instituto do Paraná vai produzir medicamento para câncer com parceira russa

Implementação do projeto permitirá reduzir entre 30% e 40% o custo de alguns medicamentos para câncer Foto: Kommersant

Implementação do projeto permitirá reduzir entre 30% e 40% o custo de alguns medicamentos para câncer Foto: Kommersant

No final de junho passado, a empresa farmacêutica russa Biocad estabeleceu parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) para a coprodução de medicamentos russos voltados ao mercado brasileiro. Essa não é a primeira iniciativa de cooperação entre os dois países na área farmacêutica.

No dia 18 de junho, o Ministério da Saúde do Brasil aprovou o acordo de parceria para a produção de medicamentos entre a subsidiária brasileira da farmacêutica russa Biocad e uma das principais empresas do ramo no Brasil, Tecpar.

“No estado do Paraná, será criado um centro conjunto de biotecnologias que empregará profissionais brasileiros treinados na Rússia”, disse em entrevista à Gazeta Russa o vice-presidente de gestão de projetos e pesquisas da Biocad, Roman Ivanov. “A previsão é que a produção de medicamentos de ciclo completo se inicie no Brasil dentro de cinco anos. Além disso, pelo acordo assinado com o InMetro, a Biocad irá criar no país um laboratório para controlar a qualidade dos medicamentos biológicos”, acrescentou.

O acordo de parceria prevê que a Biocad transfira para o lado brasileiro a tecnologia de produção de uma versão análoga do remédio para câncer bevacizumabe desenvolvido pela empresa russa.

No Brasil, a implementação do projeto permitirá reduzir entre 30% e 40% o custo de medicamentos para câncer como trastuzumabe, bevacizumabe e rituximabe. Só em 2011, as vendas de trastuzumabe, rituximabe e bevacizumabe no país ultrapassaram a marca de US$ 520 milhões.

Os benefícios indiretos também estão sendo avaliados na negociação. Esses anticorpos monoclonais são atualmente utilizados no tratamento de câncer colorretal, renal, de pulmão, de ovário e carcinoma metastático, entre outros tipos de tumor, e ajudam a salvar ou prolongar a vida de muitas pessoas. Estima-se, por exemplo, que, em 2013, , o número de pacientes com linfoma não-Hodgkin no Brasil chegue a mais de 10 mil, enquanto a leucemia linfoide crônica atingirá 9.800 pessoas. Ambas as doenças têm sido tratadas com êxito por meio de rituximabe.

“No final de julho passado, uma missão do estado do Paraná constituída pelo ministro da Indústria, ministro da Ciência e executivos do Tecpar visitou fábricas e laboratórios da empresa Biocad”, disse Ivanov. No próximo dia 6, a empresa pretende abrir uma fábrica de anticorpos monoclonais em São Petersburgo, semelhante a que será construída no estado do Paraná. Entre os convidados para a cerimônia de inauguração, estão a presidente Dilma Rousseff e outras autoridades brasileiras.

Essa não é a única iniciativa da farmacêutica russa Biocad entrar no mercado brasileiro. Desde maio de 2012, a empresa está envolvida na criação de um centro de excelência na área de biotecnologia no Brasil, cujo objetivo é atender às necessidades do país em medicamentos e desenvolver exportações de fármacos biológicos.

Experiência saudável

Outra empresa farmacêutica russa, a Akrikhin, tem interesse em cooperar com o Brasil. Em seu discurso durante o fórum do Instituto Adam Smith no ano passado, o vice-presidente da Akrikhin,  Rustam Iksanov, explicou por que a acredita que indústria farmacêutica russa precisa estudar a experiência brasileira. “O Brasil, como a Rússia, faz parte do grupo Brics, cujo desenvolvimento intenso vai contribuir para o crescimento da economia mundial”, disse Iksanov.

“A indústria farmacêutica brasileira foi modernizada com um apoio intenso do governo, como o que ocorre atualmente na Rússia. A experiência brasileira é também interessante do ponto de vista demográfico: o Brasil, com uma área de 8 milhões de quilômetros quadrados e uma população de 190 milhões de habitantes [a Rússia ocupa uma área de 17 milhões de quilômetros quadrados e tem 140 milhões de habitantes] relaciona o desenvolvimento de seu sistema de saúde com a melhoria das condições de vida de sua população”, adiantou Iksanov.

Essa opinião é compartilhada pelo vice-presidente por Roman Ivanov, da Biocad, para quem as vendas da empresa no Brasil ultrapassam as na Rússia. “Mas o governo brasileiro toma medidas ativas para substituir importações de medicamentos caros. Para baixar os preços dos medicamentos, abre o mercado para os produtos da empresa parceira por cinco anos e, após esse período, recebe em troca a tecnologia de produção dos medicamentos”, diz.

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