Exército russo aguarda testes com “Crisântemos”

Atingir alvos blindados a qualquer hora do dia e em condições de completa ausência de visibilidade. Isso pode ser feito pelo mais moderno sistema de míssil antitanque russo Khrizantema-S (“Crisântemo”, em tradução livre), que está sendo atualmente testado em Kolomna, cidade próxima a Moscou.

Em um local de testes do Bureau de Engenharia de Mecânica, os representantes da indústria “disparam” o sistema contra todos os tipos de alvos: tanques, helicópteros e fortificações de concreto, antes de passá-lo para as mãos dos militares. Khrizantema-S é o mais poderoso de todos os sistemas de mísseis antitanque existentes no mundo.

A letra “S” em seu nome vem de “samokhodnaia” (automotor, em português). Isso significa que o dispositivo lançador móvel Khrizantema, criado na base do  chassi do novo veículo de combate da infantaria russa, BMP-3, pode se mover com a mesma facilidade fora da estrada, a uma velocidade de 70 quilômetros por hora, ou forçar o caminho através de rios e outros obstáculos aquáticos, pois conta com dois motores de jato de água na parte traseira. Mas isso não faz do Khrizantema uma superarma.

O projetista-chefe do Bureau de Engenharia de Mecânica de Kolomna, Váleri Kachin, disse que a principal propriedade desse sistema consiste na sua capacidade de detectar e destruir alvos na completa ausência de visibilidade óptica. Isso pode ser causado por condições meteorológicas como neve, chuva, neblina e a utilização pelo inimigo de aerossol ou fumaça para a camuflagem de seus equipamentos. Os mísseis antitanque modernos geralmente possuem localizadores teleguiados, ópticos ou a laser, o que significa que eles podem ser “cegados” – mas isso não acontece com os mísseis Khrizantema.  

Na máquina russa existem dois canais de orientação: o óptico com laser e o rádio guiado.  O último é exatamente o principal “know-how” do veículo de combate. O radar opera em uma faixa de ondas milimétricas (100-150 GHz), por causa disso simplesmente não existem alvos invisíveis para ele. Esses dados são processados e transmitidos para o operador no painel de controle do sistema. Basta assinalá-los no display de LCD com um marcador especial e pressionar o botão iniciar; dali para frente, a própria máquina decidirá o destino do alvo.

A provisão de munição compreende 15 mísseis supersônicos, de calibre de 152 mm, ocultos em contêineres especiais de lançamento. Para se ter uma ideia, em apenas 10 segundos eles conseguem vencer uma distância de 4,5 km. Os mísseis estão localizados na parte traseira da máquina e têm alcance de voo de 8 km. De acordo com Kachin, isso é suficiente, porque a grandes distâncias o tanque simplesmente não é percebido no espectro visível em terrenos acidentados. Ele também só pode utilizar as armas a uma distância não maior que 3 km.

Em cada míssil há uma ogiva cumulativa e “monstruosa” em seu poder destrutivo, como explicou Kachin. “A primeira carga retira a proteção ativa e a segunda queima o tanque completamente”, disse. Durante os testes, o sistema conseguiu perfurar uma blindagem de 120 mm – isto é, qualquer tanque moderno protegido por blindagem reativa explosiva.

Graças aos dois canais de orientação o Khrizantema pode detectar e disparar em dois alvos, com velocidade de disparo de 4 segundos. Não é só da terra que o sistema é capaz de lançar o míssil, mas também durante a sua movimentação pela água. O chefe do departamento de design do Bureau de Kolomna, Leonid Sizov, acrescentou que, devido às suas características de combate uma bateria de 3 veículos militares, o Khrizantema-S é capaz de repelir um ataque de um conjunto de tanques constituído de 14 carros. “Se forem utilizados mísseis, com ogiva de fragmentação ou termobárica, ele pode combater de maneira eficaz a força viva do inimigo.”

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