China poderá retomar compra de aparato militar russo

Presidentes da China, Xi Jinping (esq.), e da Rússia, Vladímir Pútin, se encontraram na semana passada em Moscou Foto: Konstantin Zavrajin

Presidentes da China, Xi Jinping (esq.), e da Rússia, Vladímir Pútin, se encontraram na semana passada em Moscou Foto: Konstantin Zavrajin

Após escândalos envolvendo cópias chinesas, acordo anunciado pela imprensa local prevê o fornecimento de 24 caças Su-35 e quatro submarinos não nucleares do tipo Lada. Iniciativa pode ser acompanhada de projeto conjunto para desenvolver submarinos não atômicos, intensificando a cooperação técnico-militar entre os dois países.

A informação de que a China voltaria a comprar novo armamento da Rússia tomou as páginas dos veículos de comunicação chinesa, gerando especulação sobre as especificações dos atuais e potenciais contratos para fornecimento de aparato militar.

Apesar do destaque dado à notícia, não se trata de um contrato final, mas de uma versão estendida de um acordo de intenções. A possível compra de 24 caças Su-35 e quatro submarinos do tipo Lada já é discutida há tempos pela imprensa local, embora não haja confirmações.

“Não foi levantada nenhuma questão de cooperação técnico-militar durante a visita do presidente da China, Xi Jinping, a Moscou”, rebateu uma fonte russa sobre tais informações.

O contrato potencial para os Su-35 pode se tornar o primeiro pedido de compra para a exportação desse tipo de aeronave, que é hoje fornecida à Força Aérea da Rússia. A iniciativa pode abrir as portas para novos mercados para os caças Su-35, além da China. É o caso do Vietnã e Indonésia, que já compram as aeronaves Su-30MK2.

Além disso, a procura de novas oportunidades tem levado a Rússia a investir na cooperação técnico-militar com países de outras regiões, como o Brasil. A concretização do negócio chinês simplificará bastante a futura promoção do Su-35 em mercados estrangeiros, acreditam os fornecedores.

Futuro incerto

As relações entre setor militar russo e o cliente chinês, embora não tenham sido extintas, esfriaram bastante ao longo dos últimos anos, sobretudo na indústria aeronáutica militar.

Em 2003, a se China aproveitou das disposições dos contratos existentes para executar a montagem de 200 destróieres Su-27SK. Por terem recebido a licença de produzi-lo com a denominação J-11, os chineses cancelaram os acordos e, assim, privaram o lado russo de metade dos rendimentos esperados.

O escândalo foi intensificado quando a Rússia alegou que a China havia introduzido alterações no projeto e lançado sua própria máquina com base na propriedade intelectual russa – sem a mínima compensação.

Para evitar novos conflitos, é preciso focar no volume de fornecimento, apontam os especialistas. Se o fornecedor teme que a China comprará um número mínimo suficiente e depois quebrará o contrato, então é preciso negociar o fornecimento do número maior possível de caças.

Por outro lado, a rigidez da posição chinesa dificulta as negociações. Enquanto os russos sugerem a compra mínima de 70 a 75 caça, a China teria confirmado o interesse em adquiria apenas 10 a 12 aeronaves. “Menos do que uma centena, nem vale a pena vender”, garantem os especialista russos.

Pacote completo

As transações noticiadas aumentam as discussões sobre como o know-how russ. Por mais compreensível que seja os equipamentos recebidos serem submetidos a um estudo detalhado, e, se houver a necessidade, à reprodução, os russos querem uma garantia de compensação, de modo que o contrato contemple uma quantia referente aos riscos de cópia não autorizada.

Os acordos também estariam prevendo um projeto conjunto russo-chinês para desenvolver submarinos não atômicos, no qual a Rússia utilizará uma tecnologia bastante assimilada no trabalho em parceria com a Índia.

Esse pode ser um novo passo na intensificação da cooperação técnico-militar entre os dois países. Não se trata de uma coincidência que ambas as transações tenham sido anunciadas em um único pacote. O que está sendo pesado é se os riscos do fornecimento de caças modernos para a China compensarão os possíveis benefícios trazidos pelo desenvolvimento conjunto de tecnologias para submarinos não nucleares.

O resultado de um novo formato de cooperação técnico-militar deve depender, portanto, das políticas externas da indústria de defesa russa.


Publicado originalmente pela Ria Nóvosti

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