Roscosmos considera produção de energia elétrica em órbita

Foto: Divulgação

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Refletores em órbita geoestacionária poderão captar energia solar, fazer a conversão e enviá-la à Terra. O projeto de construção de usinas fotovoltaicas no espaço pode impulsionar o desenvolvimento de equipamento espacial.

O Instituto Central de Pesquisas Tecnológicas da Roscosmos (Agência Espacial Russa) considera possível produzir energia elétrica no espaço e transmiti-la para a Terra via laser. O órgão sugeriu, inclusive, construir usinas fotovoltaicas no espaço com potência de 1 a 10 GW.

O consórcio norte-americano formado pela Lockheed Martin, Boeing, JPL, Marshall Center, Glenn Center e várias universidades planeja construir uma usina fotovoltaica espacial de 1 GW de potência até 2016”, diz o cientista do instituto, Váleri Melnikov.

O conceito de usina fotovoltaica espacial prevê a captação de energia solar por uma bateria solar com vários quilômetros quadrados colocada no espaço. O passo seguinte é converter essa energia em um sinal de micro-ondas transmitido para uma antena receptora na Terra, onde é transformado em eletricidade.

Além da China que também se dispõe a participar desse mercado, um grupo de empresas japonesas liderado pela Mitsubishi Corporation pretende construir uma usina fotovoltaica espacial de 1 GW de potência até 2025 no âmbito do projeto Solarbird”, acrescenta Melnikov. O investimento total na criação de usinas fotovoltaicas espaciais é estimado em US$ 24 bilhões.

Nos últimos anos, devido ao desenvolvimento bem sucedido de lasers semicondutores infravermelho e de lasers de fibra óptica, o interesse pelas usinas fotovoltaicas espaciais capazes de transmitir a energia via laser vem aumentando”, adianta o cientista.

Segundo ele, os lasers infravermelhos de corpo sólido proporcionam uma série de vantagens, pois, como o laser tem uma divergência menor do que o sinal de micro-ondas, isso permite diminuir dezenas de vezes a área ocupada pelos sistemas transmissores e receptores, e fornecer a energia elétrica às regiões norte da Rússia, Canadá e Groenlândia, por exemplo.

Melnikov salienta ainda que os EUA e o Japão apostaram em sistemas com sinais de micro-ondas que são menos eficazes do que os sistemas a laser. De acordo com o cientista, seus projetos têm por base estruturas de carcaça que ocupam áreas muito grandes e são muito menos eficazes do que as estruturas centrífugas sem carcaça que só estão disponíveis na Rússia.

Em fevereiro de 1993, com a ajuda do cargueiro espacial Progress, foi realizada a experiência de desdobrar no espaço um refletor centrífugo, com um diâmetro de 20 metros e um peso de 4 kg”, lembra Melnikov. 

Essa experiência pode servir de base para a criação de baterias solares centrífugas e de outras estruturas espaciais de grandes dimensões. Se a Rússia optar por construir usinas fotovoltaicas que utilizam baterias solares centrífugas e transmitem a energia elétrica via laser, ela pode assumir a liderança mundial no setor de usinas fotovoltaicas espaciais”, arremata o cientista.


Publicado originalmente pelo Izvéstia

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