Goldman Sachs corta financiamento para BRIC

Instrumento foi criado após divulgação de relatório otimista da Goldman Sachs em 2004.

Instrumento foi criado após divulgação de relatório otimista da Goldman Sachs em 2004.

ΑΡ
Fechamento de fundo gera polêmica. Enquanto alguns analistas alegam motivos políticos, já que grupo passou a tomar decisões nesse âmbito, outros dizem que países em desenvolvimento se tornaram menos atraentes para investidores.

Na última segunda-feira (9), o banco norte-americano Goldman Sachs finalmente fechou seu fundo de investimentos destinado ao BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), grupo que precedeu o Brics, com adição da África do Sul.

De acordo com a agência Bloomberg, o capital que estava destinado ao grupo será transferido ao Fundo de Investimento em Mercados Emergentes (EMEF, na sigla em inglês).

Em setembro de 2015, os ativos do fundo BRIC caíram para US$ 98 milhões. Em 2010, seu valor ultrapassava os US$ 842 milhões.

Razões políticas?

Segundo o analista da consultoria moscovita UFS IC, Piotr Dachkevitch, o interesse nos países em desenvolvimento entrou em declínio devido à desaceleração da economia chinesa, às sanções à Rússia e à queda nos preços das matérias-primas.

“Desde o início do ano, o índice de ações de mercados emergentes MSCI EM caiu 12%, enquanto os índice de ações norte-americano S&P500 subiu 1% e o europeu Eurostoxx, 10%”, explica o chefe do departamento de análises da empresa de investimentos Russ-Invest, Dmítri Bedenkov.

"O próprio conceito do fundo do BRIC perdeu a relevância, sob o olhar dos investidores", diz Dachkévitch.

De acordo com o chefe de operações do mercado de ações da consultoria de investimentos Freedom Finance, Gueórgui Váschenko, a queda nos preços das commodities em 2014 reduziu o potencial econômico dos mercados emergentes.

“O capital dos fundos destinados aos mercados dos países desse grupo foi transferido diretamente aos mercados dos Estados Unidos, da China e da União Europeia", diz. Segundo ele, o processo vai continuar até os preços do petróleo voltarem a subir.

O analista de investimentos Bogdan Zvarich afirma que o endurecimento da política monetária dos EUA também poderá ser um duro golpe para as economias em desenvolvimento.

De BRIC a Brics

O termo BRIC foi cunhado em 2001 pelo ex-economista-chefe do banco Goldman Sachs, Jim O'Neill.

De acordo com ele, a influência desse grupo de países em desenvolvimento sobre o mercado global seria crescente.

De acordo com estudo do Goldman Sachs publicado em 2003, as economias do grupo excederão o volume econômico dos seis países líderes do Ocidente em 2050.

Além disso, segundo O’Neill, os países do grupo estavarim destinados a se tornar o principal motor do crescimento econômico global.

O banco criou o fundo do BRIC após a publicação do relatório, em 2004.

Mais tarde, porém, os países do grupo geraram uma união política e, em 2010, a África do Sul aderiu ao bloco.

A iniciativa de transformar o grupo em uma aliança política pertence ao presidente russo, Vladímir Pútin. Foi ele que, ainda em 2006, propôs a primeira reunião ministerial no formato BRIC.

A autossuficiência econômica do grupo, porém, ainda não foi alcançada. O volume do comércio entre a Rússia e os outros membros é de US$ 105 bilhões. O intercâmbio comercial entre a China e outros membros, em 2014, chegou a US$ 312 bilhões, enquanto o comercio entre o país e os EUA ultrapassou os US$ 592 bilhões.

 

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