Suspeitos de lavagem no Amazonas dizem que dinheiro era ‘papel de parede’

Dinheiro era provavelmente usado para câmbio no mercado negro

Dinheiro era provavelmente usado para câmbio no mercado negro

Reuters
Após pagamento de fiança, três russos e um ucraniano foram liberados, mas não podem deixar país. Valor era equivalente a 1,4 milhão de dólares.

A polícia do Amazonas investiga o envolvimento de três russos e um ucraniano em um caso de lavagem de dinheiro no Brasil, de acordo com a agência de notícias Ria Nôvosti. Os estrangeiros são ainda investigados por formação de quadrilha com atuação internacional.

"Os suspeitos detidos afirmaram que um indivíduo chamado Artur [Charov] pediu-lhes que levassem o dinheiro da Venezuela para a Rússia", lê-se nos registros do caso. 

Pela legislação brasileira, é proibido entrar no Brasil portando valor superior a R$ 10 mil que não tenha sido declarado.

O empresário russo Artêmi Semiônovski, suspeito no caso, disse à RIA Nôvosti ter permanecido por um mês sob prisão preventiva, juntamente com o casal de russos Artur Charov e sua namorada, Liubov Kazarinova, e o ucraniano Mikhail Bilko.

Os quatro foram liberados após pagamento de fiança de 3,5 mil dólares cada e assinatura de termo escrito em que se comprometem a não deixar o país por um período de seis meses.

De acordo com relatório da polícia, durante uma busca realizada no hotel em que os quatro se hospedavam, foram encontrados, sob poder de Artêmi e Mikhail, "14 milhões de bolívares venezuelanos [quase 1,4 milhão de dólares], cuja origem, possivelmente ilícita, não foi explicitada, assim como dispositivos eletrônicos, telefones celulares e materiais utilizados na triagem de dinheiro".

O consulado russo em Brasília foi suscinto ao comentar o caso. "O consulado russo está ciente dessa situação e acompanha o desenrolar dos fatos", disse o chefe do Setor Consular, Andrêi Petrov.

Papel de parede

Artêmi disse à RIA Nôvosti que Artur Charov e Liubov Kazarinova também tinham envolvimento com o montante de bolívares venezuelanos detido e seu transporte para a Europa e a Rússia.

"É possível que ele fosse vendido na Europa para ser usado como papel de parede. Tem gente, por exemplo, que reveste o banheiro ou o corredor com dinheiro... Algumas pessoas gostam desse estilo kitsch", diz Semiônovski.

O mais provável, porém, é que o grupo quisesse se aproveitar da enorme diferença entre o câmbio oficial do bolívar venezuelano e seu valor no mercado negro. Hoje, na Venezuela, o valor oficial de um dólar são 9,9 bolívares. Já no mercado negro venezuelano, é possível vender um dólar a 1.000 bolívares.

Segundo Semiônovski, o casal já havia feito o percurso algumas vezes transportando a moeda estrangeira, tanto para a Europa, como para a Rússia, sempre declarando os valores.

“Na Europa, eles também foram submetidos a averiguações algumas vezes, mas como  eram apenas 10 ou 15 mil dólares, os fiscais deixavam para lá", disse o suspeito.

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Em meados de junho, Charov e Kazarinova trouxeram quase 30 milhões de bolívares venezuelanos para o Brasil.

Pela taxa de câmbio oficial, o montante equivale a 3 milhões de dólares. Mas, na Venezuela, os bolívares podem ser adquiridos no mercado negro por um valor cem vezes menor: 30 mil dólares.

Semiônovski disse à RIA que, quando o casal partiu da Venezuela para o Brasil, o valor foi declarado na fronteira, e que eles têm as declarações aduaneiras.

Charov e Kazarinova se encontraram com Bilko e Semiônovski já no Brasil, de acordo com este.

Em 22 de junho, Charov e Kazarinova seguiriam viagem para a Europa, deixando metade da carga para os outros dois. Mas, já no aeroporto de Manaus, Charov e Kazarinova foram detidos por agentes aduaneiros.

Uma semana depois, em 1 de julho, Semiônovski e Bilko foram detidos no hotel onde se hospedavam.

Atualmente, os quatro se encontram em Manaus e aguardam os resultados do inquérito.

Publicado originalmente pela agência de notícias Ria Nóvosti

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