Analistas sugerem ‘influência dos EUA’ no impeachment de Dilma

Embaixada do Brasil em Moscou

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Itamaraty
Apesar da suspeita de participação norte-americana na crise que culminou no afastamento da presidente brasileira Dilma Rousseff, especialistas acreditam que parceria bilateral do Brasil com a Rússia e atuação do país no Brics serão mantidas.

Após o afastamento de Dilma Rousseff da presidência do Brasil, o presidente do comitê nacional para os estudos dos problemas do Brics e deputado da câmara baixa do Parlamento russo, Viatcheslav Níkonov, declarou estar convencido de que os últimos acontecimentos políticos no Brasil foram coordenados pelos Estados Unidos.

“O que aconteceu no Brasil nos últimos dois anos, inclusive a acusação a Dilma e seus aliados políticos de envolvimento em corrupção, é uma revolução colorida iniciada pelos Estados Unidos. Washington usou o mesma esquema na Ucrânia, incentivando protestos em Kiev”, disse o deputado à agência de notícias TASS.

“Visitei o Brasil várias vezes quando o país presidia o Brics. O assessor de Segurança Nacional de Dilma me falou que tem informações confiáveis sobre o traço norte-americano na organização da campanha contra a presidente. Dilma mantinha relações estreitas com Moscou e apoiava a cooperação no âmbito do Brics, o que não corresponde com os interesses dos americanos. Além disso, Dilma não escondeu sua insatisfação com a política externa dos Estados Unidos”, acrescentou Níkonov.

O vice-diretor do Instituto dos Países da América Latina da Academia Russa de Ciências, Boris Martinov, compartilha da opinião de Níkonov.

“Não tenho dúvidas de que a crise política no Brasil foi provocada inclusive pelos players nos bastidores. Os Estados Unidos agem em conformidade com sua doutrina nacional: suprimir todos os crescentes centros de poder, inclusive o Brics e a União Europeia”, afirma Martinov.

No entanto, o especialista em América Latina e professor da Universidade Estatal de São Petersburgo, Víktor Kheifets, acredita que o fator externo não tenha sido o único determinante.

“O atual governo do Brasil pode ser mais conveniente para os norte-americanos, mas eu não diria que é um governo pró-EUA. Temer não vai alterar a maioria das prioridades da política externa, inclusive as que não coincidem com as prioridades da política externa dos Estados Unidos”, disse Kheifets à Gazeta Russa.

“De qualquer modo, o novo gabinete é um passo para trás. Os gastos sociais serão cortados, algumas prioridades na política externa serão revistas”, completou.

Permanência no Brics

Embora acredite que o governo interino vá intensificar as relações com os Estados Unidos, Kheifets duvida que a posição estratégica do Brasil em relação ao Brics seja alterada.

“A participação no Brics é benéfica para quaisquer autoridades brasileiras, porque é uma maneira de mostrar a influência do Brasil no mundo”, explica o professor.

Martinov também não acredita que o Brasil vá alterar sua política externa e defende que o país “continuará sendo um aliado da Rússia, defendendo os princípios básicos de sua política externa: manter a paz, respeitar o direito internacional e reforçar o papel da ONU”.

Por outro lado, a reformulação econômica no Brasil deverá levar à diminuição das atividades na política externa. “Diversas reuniões do Brics já foram canceladas devido ao deficit no orçamento do Ministério das Relações Exteriores do Brasil”, disse.

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