Rússia celebra os 400 anos do fim do interregno

Foto: TASS

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Neste ano, a Rússia comemora os 400 anos do período do interregno, que ficou conhecido como Tempo das Perturbações, um dos eventos cruciais da história do país.

Neste ano, a Rússia comemora os 400 anos do fim do período do interregno, que ficou conhecido como Tempo das Perturbações, um dos eventos cruciais da história do país e que marcou o ressurgimento de sua identidade nacional após muitos anos de guerra civil e invasão estrangeira.

A data relembra a expulsão, em 1612, dos invasores poloneses de Moscou pelo Exército do Povo comandado por Kuzmá Minin e pelo duque Dmítri Pojárski.

Infográfico:


Em 2005, foi instituído o Dia da Unidade Nacional para relembrar os acontecimentos.

A comemoração, no entanto, é alvo de uma intensa polêmica no país. Os historiadores apontam a falta de referências documentais do dia 4 de novembro como sendo a data de libertação de Moscou. Já os políticos reclamam que o feriado foi criado em substituição ao do dia 7 de novembro, Dia da Revolução de Outubro de 1917.

Seja como for, a Rússia se prepara para comemorar pela sétima vez o aniversário de um evento considerado de extrema importância para a história do país. Neste ano, tratando-se do 400º aniversário, as comemorações serão especialmente pomposas.

As principais comemorações serão realizadas em Níjni-Nóvgorod.

Na praça central, que recebeu os nomes dos líderes da insurreição armada,  haverá procissão em trajes tradicionais das etnias do rio Volga e uma apresentação teatral. A presença do presidente da Rússia, Vladímir Pútin, é esperada.

Em Moscou, será realizada uma exposição-fórum sob o lema "Rússia Ortodoxa face ao Dia da Unidade Nacional", em que será apresentado o ícone de Nossa Senhora de Kazan, levado a Moscou pelo Exército do Povo em 1612.

Exposição

Essas e outras páginas da história da insurreição armada são reveladas na exposição "O Fim do Tempo das Perturbações no início do século 17", em cartaz em Moscou desde o último dia 24.

O evento dedicado aos 400 anos da expulsão dos poloneses de Moscou é organizado pela Agência Federal de Arquivos em parceria com o Arquivo Nacional e vários museus metropolitanos e regionais.

Além de explicar as causas que levaram às batalhas, a exposição permite ao visitante entender as dificuldades vividas na época.

Os documentos relativos à insurreição armada, no entanto, são especialmente interessantes. Dentre eles, destaca-se o juramento dos líderes da insurreição de 1612 de lutar até a libertação total da Rússia e os despachos sobre a convocação de guerreiros e a coleta de fundos para a compra de equipamentos para o  exército.

Os documentos referentes ao fim do interregno também estão presentes. Entre eles, um despacho sobre a eleição do primeiro rei da dinastia Romanov, decretos sobre a retomada das atividades econômicas no país e os acordos de paz com a Polônia e a Suécia. Os visitantes também podem ver retratos, ícones, armas e armaduras do início do século 17.

Na internet, o portal "Arquivos da Rússia" lançou o projeto "O fim do Tempo das Perturbações (finais do século 16, princípios do século 17) e o fortalecimento do Estado russo", que pode ser acessado em http://rusarchives.ru/smuta.

O projeto permite aos usuários consultar documentos históricos raros  e trabalhos científicos sobre o período.

Histórico

O interregno foi um dos por vários períodos de crise no poder por que a Rússia passou em mais de mil anos de história.

Em consequência de um colapso do governo central, uma guerra civil eclodiu, dividindo o país, que acabou invadido por tropas estrangeiras. O Kremlin de Moscou foi ocupado por invasores poloneses, que tinham o objetivo de colocar um príncipe estrangeiro no trono russo.

Tudo isso teve como pano de fundo grandes desastres naturais e uma população que passava fome. De acordo com estimativas, nos 15 primeiros anos do século 17 a Rússia perdeu um terço de sua população.

Com a situação, o povo resolveu tomar o destino do país em suas mãos. Em 1612, o prefeito local da cidade de Níjni-Nóvgorod, Kuzmá Mínin, e o duque Dmítri Pojárski, proclamaram a insurreição geral armada e a criação de um Exército do Povo. No outono do mesmo ano, na batalha de Moscou, o Exército do Povo, formado por 10 mil homens, derrotou a força polonesa, superior em número. No dia 4 de novembro, as tropas tomaram o Kremlin.

A vitória sobre os poloneses permitiu a preservação da Rússia como Estado e a consequente eleição, em 1613, do primeiro rei da Casa Romanov para governar o país.

Aleksandr Verchínin é historiador e secretário para os assuntos científicos do Centro de Análise de Problemas e de Projetos de Administração Pública

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