Livros russos ganham voz em línguas estrangeiras

Foto: TASS

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Os melhores tradutores de literatura russa do Reino Unido, Espanha, Itália e França foram agraciados com os prêmios do Instituto de Tradução no 2o Congresso dos Tradutores de Literatura Russa, em Moscou.

“Há anos ocupo-me da obra de Andrêi Biéli. Muitos anos atrás tentei traduzir pela primeira vez seu romance ‘Petersburgo’, mas não consegui. Tive muita dificuldade em encontrar um estilo adequado no inglês e, por isso, desisti. Alguns tempo mais tarde, compreendi que era preciso inventar esse estilo”, disse John Elsworth, professor honorário da Universidade de Manchester, vencedor do prêmio Read Russia de melhor tradução da literatura russa para línguas estrangeiras na categoria “Literatura russa do século 20”.

“Biéli jamais será um escritor popular”, acrescentou Elsworth em uma entrevista à Gazeta Russa. “Todos que lidaram com sua obra estão cientes disso. Até mesmo Vladímir Nabokov se referiu a ‘Petersburgo’ como uma das quatro maiores obras do século passado.”

Segundo o britânico, seus contemporâneos conhecem muito pouco sobre o autor. “As traduções anteriores eram provavelmente pouco convincentes e não conseguiam chamar a atenção de um círculo maior de leitores. Portanto, valeu a pena eu tentar outra vez”, continuou Elsworth.

Na categoria de “Poesia”, o prêmio foi atribuído ao professor universitário de Bolonha, Alessandro Niero, pela tradução da obra “Trinta e três textos”, do poeta e um dos fundadores do conceitualismo moscovita, Dmítri Prígov.

Niero é também autor da antologia “Oito poetas russos” reconhecida, em 2006, pelo Ministério da Cultura e Patrimônio Cultural da Itália e ganhadora do prêmio Lerici-Pea, em 2008, pela tradução e promoção da poesia russa contemporânea.

Na sequência, a francesa Hélène Henry-Safier levou o prêmio de melhor tradução na categoria “Literatura russa moderna” pela tradução do livro "Pasternak”, de Dmítri Bikov.

Professora da Universidade Sorbonne, em Paris, é pesquisadora e tradutora da poesia russa do século 20 e, em 2005, foi condecorada com o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras.

Por fim, na categoria “Literatura russa do século 19”, considerada a mais importante, o troféu foi parar nas mãos do espanhol Victor Gallego Ballestero pela tradução de “Anna Karenina”, de Lev Tolstói.

Formado pelo Instituto de Língua Russa Aleksandr Púchkin, Ballestero é especialista em literatura russa do século 19 e, entre os seus principais trabalhos para o espanhol, estão as obras de Tchekhov e Tolstói, poemas de Púchkin e romances de Turguêniev, assim com o “Diário de um Escritor”, de Dostoiévski, “Mirgorod” e “O Capote”, de Gógol.

Cada um dos vencedores recebeu uma medalha comemorativa e um certificado, além de um prêmio em dinheiro no valor de 5 mil euros.

As editoras que publicaram as obras dos vencedores também vão receber doações de 3 mil euros para a tradução de outras obras da literatura russa. Os próximos títulos traduzidos serão acordados com o Instituto de Tradução, entidade fundadora do prêmio e organização sem fins lucrativos ligada à Agência Federal de Imprensa e Comunicações de Massa.

Em breve discurso durante a cerimônia de premiação, o diretor da agência, Mikhail Seslávinski, comentou sobre a “guerra permanente com o Ministério das Finanças”, afirmando que as verbas por ele solicitadas para as atividades literárias não superam o valor de dois carros de combate. “E a probabilidade de elas serem liberadas é grande”, finalizou.  

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