Especial Guerra Patriótica: Napoleão ianque invade Borodinó

Mark Schneider apareceu pela primeira vez como Napoleão na reconstituição de Borodinó de 2007. Foto: Divulgação

Mark Schneider apareceu pela primeira vez como Napoleão na reconstituição de Borodinó de 2007. Foto: Divulgação

Norte-americano Mark Schneider retratou o imperador francês em reconstituição que celebrava os 200 anos da Batalha de Borodinó.

No ultimo domingo (2), Napoleão Bonaparte montou em seu cavalo na Batalha de Borodinó – assim como 200 anos atrás, quando esse campo a cerca de 120 km de Moscou presenciou o momento da virada russa frente à invasão francesa.

Só que dessa vez Napoleão era norte-americano. Mais precisamente, Mark Schneider, 44, que já retratou o arrogante imperador francês nas encenações das batalhas de Austerlitz, Erfurt, Waterloo, entre outras. Ainda assim, nada se compara com Borodinó, onde Schneider já deu o ar da graça em 2007.

Imagens:


“A batalha em si não é como nenhuma outra reconstituição da qual já participei, seja na proporção do evento como em sua intensidade”, comenta. “Há trilha sonora, vários canhões, efeito pirotécnicos, explosões para todo o lado. É um épico e tanto.”

Quando não está caracterizado de Napoleão, Schneider trabalha como intérprete histórico no Colonial Williamsburg. Além da baixa estatura (168 cm) a, que o assemelham ainda mais ao imperador, o norte-americano tem os mesmos olhos profundos, nariz proeminente e estrutura corpórea de Napoleão.  Ele consegue até mesmo reproduzir o mesmo sotaque corso.

Um pouco de história


A Batalha de Borodinó aconteceu no dia 7 de setembro de 1812. Foi o episódio mais sangrento das guerras napoleônicas e envolveu 250 mil tropas, das quais mais de um quarto do contingente não saiu com vida.

Apesar de o Grande Exército francês ter feito alguns pequenos avanços, a batalha provou ser a derrocada da campanha francesa. Nunca mais Napoleão se atreveria a uma ofensiva em solo russo. Para comemorar o bicentenário desse importante evento histórico, a reconstituição atraiu cerca de 2 mil participantes, tanto da Rússia quanto de países estrangeiros, assim como milhares de espectadores.


O interesse pela história de Napoleão desde criança surgiu, em parte, graças à sua mãe francesa. Depois de servir o exército, seu amigo Ron Roberts lhe convidou para se juntar à unidade de reconstituição da cavalaria francesa, os Sétimos Hussardos. Observando as semelhanças entre Schneider e o imperador francês, Roberts sugeriu que ele tentasse assumir seu papel. “Logo em seguida, eu era Napoleão”, conta.

Schneider já incorporou o imperador em inúmeras encenações históricas e eventos oficiais. Ele também já apareceu em especiais do canal de televisão a cabo History Channel.

O norte-americano acabou envolvido na reconstituição de Borodinó por meio do organizador Aleksander Valkovitch, que interpretou o tsar Aleksandr I em outro evento na Áustria. “Ele era bastante parecido com o grande general, dos movimentos abruptos e andar imponente de Napoleão à sua maneira de conduzir o cavalo”, diz Valkovitch. Assim como o imperador francês, ele imediatamente põe o cavalo a galopar.”

Para retratar Napoleão, Schneider mergulha em biografias, tais como “Napoleão Bonaparte”, de Vincent Cronin, bem como nas memórias de marechais e membros familiares. “[Napoleão] era muito decidido, bastante intenso de vez em quando”, afirma Schneider. “Sobretudo em situações de batalhas, não havia hesitação.”

Em Borodinó, contudo, Napoleão não estava no auge de sua forma física; ele havia engordado e perdido um pouco de seu antigo vigor. “Tudo isso deve ser refletido”, diz Schneider. No dia da reconstituição, Schneider participou de uma série de proclamações e cerimônias oficiais antes de adentar o campo para a batalha, um evento detalhadamente coreografado que exigiu dias e dias de ensaio.

Mas o verdadeiro destaque foi para a visita de colegas do circuito de reconstituições, com os quais se comunica em francês e em inglês. “Fazemos realmente parte de uma pequena comunidade de entusiastas do período napoleônico.”

Schneider definitivamente goza de uma recepção mais calorosa na Rússia do que seu personagem, que retornou à França em dezembro de 1812 com apenas 27 mil dos 500 mil soldados que havia levado consigo. “Creio que os russos não seriam tão hospitaleiros com Napoleão se ele realmente estivesse aqui”, diz, “mas comigo eles são muito, muito generosos”.

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