Babenco preside júri em Moscou

Hector Babenco Foto: RIA Nóvosti

Hector Babenco Foto: RIA Nóvosti

Produzindo dois roteiros simultâneos, o diretor brasileiro Hector Babenco foi à capital russa para presidir o júri do 34° Festival Internacional de Cinema de Moscou, que abriu nesta quinta-feira (21).

Em sua 34° edição, o Festival Internacional de Cinema de Moscou abriu nesta quinta-feira (21) com a competição principal presidida por um brasileiro. Hector Babenco, 61, é um dos principais realizadores da atualidade no Brasil, e já dirigiu atores como William Hurt, Jack Nickolson e Meryl Streep, sempre em filmes independentes. 

“Eu soube pela Hilda Santiago, a diretora do Festival do Rio e que transita muito pelos festivais internacionais, que queriam fazer uma retrospectiva do meu trabalho aqui em Moscou. Acho que Hilda deve ter se encontrado com alguém de Moscou em Cannes no ano passado que manifestou interesse. Eu concordei, e meses mais tarde chegou um convite para o júri”, disse Babenco à Gazeta Russa. 

Para o diretor, que atualmente trabalha em dois roteiros simultâneos, a viagem à Rússia é uma boa oportunidade para redescobrir o cinema do Leste Europeu. “É uma cinematografia que me interessa muito, principalmente os búlgaros e romenos, que têm chegado mais ao Brasil e nos surpreendido”, conta. 

Pouco divulgado pela imprensa brasileira, o festival, que no ano passado abriu com com a estreia do norte-americano Transformers no intuito de se popularizar, busca retomar neste ano a atenção latino-americana. 

“Os festivais de Moscou e de Karlovy Vary, na República Tcheca, eram a principal alternativa para se conhecer outro cinema, o Leste Europeu, mas isso, não sei por que, se perdeu”, diz Babenco. 

Do mundo para o Brasil

Filho de uma imigrante polonesa com um descendente de ucranianos da região antes pertencente à Bessarábia, Babenco nasceu em 1946 no Mar del Plata. Ele se radicou no Brasil em 1969, depois sair da Argentina aos 18 e viajar pelo mundo – Europa, África, América do Norte - por sete anos. Na Itália dos anos 1960, foi figurante e assistente de produção, quando se inicia sua relação com o cinema.

Apesar das raízes no Leste Europeu, esta é sua primeira visita à Rússia. “Estou curioso. Faz muitos anos que eu não ia a uma cultura onde eu desconhecesse totalmente sua iconografia, as letras, os dizeres...”, conta.

O consumismo, cada vez mais forte no país, o assusta, assim como a pirataria. Ele conta que a jovem que foi buscá-lo no aeroporto, enviada pela produção do festival, diz que viu seus filmes no mercado em dvd. “Eu nunca vendi meus filmes para cá!”, diz rindo. 

Seus próximos filmes prometem polêmica. Um dos roteiros no qual Babenco trabalha é a adaptação de “Tiger Tiger”, o relato da norte-americana Margaux Fragoso sobre seu relacionamento amoroso de 15 anos com um homem. Uma história que seria bonita, se o relacionamento não começasse quando ele já tinha 51 anos, e ela, apenas 7.

Enquanto espera sua belíssima Bárbara Paz chegar a Moscou, já na metade do festival, Babenco se queixa do baixo volume de cinema russo em exibição no Brasil. “Não me lembro de ter visto filmes russos há muito tempo, só Sokurov, que gosto muito. Dele eu vi quase tudo, mas sempre em mostras especiais, não no circuito”, diz. 

O Festival Internacional de Cinema de Moscou reserva ainda outras latinidades além da presidência do júri neste ano. A mexicana Sylvia Perel é jurada na competição de curtas “Perspectivas” e sua compatriota Kenya Marquez participa da competição principal com o filme “Fecha de Caducidad”.

Além disso, a mostra fora de competições “Anima Latina” traz produções do Chile, Argentina, Cuba, México e a co-produção brasileira “Violeta se fue a los cielos”, além do longa de Júlia Murat “Histórias que só existem quando lembradas”.

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