Nova aeronave privada esquenta corrida espacial

Primeira nave espacial construída pela empresa privada Ilustração: Nasa

Primeira nave espacial construída pela empresa privada Ilustração: Nasa

A primeira nave espacial construída pela empresa privada SpaceX, chamada Dragon, irá partir em 30 de abril rumo à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) em um voo de carga não tripulado.

Esse será seu segundo lançamento experimental e sua primeira visita à ISS, com autorização concedida pela NASA (agência espacial norte-americana).

O plano é realizar, nos próximos três anos, pelo menos 12 lançamentos da nave Dragon. Assim, a nova geração de engenheiros espaciais vai mostrar quão a sério está levando a pretensão de alcançar os produtores tradicionais.

É um sinal claro para a Rússia, que detém o monopólio no mercado de lançamentos espaciais em direção à ISS depois de os EUA aposentarem seus ônibus espaciais.

Cabe lembrar que o monopólio russo no segmento de transporte de cargas espaciais já foi relativamente abalado com a entrada em serviço do cargueiro europeu ATV.

Além disso, a nave Dragon, capaz de levar apenas passageiros (sete pessoas) ou só cargas, ameaça quebrar o monopólio russo também no segmento de voos tripulados.

A Agência Espacial Russa (Roscosmos) não tem nada contra o lançamento da nave Dragon rumo à ISS, mesmo porque, até certo ponto, a entrada dessa nave no mercado de lançamentos espaciais pode vir a ser útil à indústria espacial russa.

Sem concorrência


As especificações técnicas da Dragon merecem elogios. É óbvio que nem o cargueiro russo Progress, projetado na década de 70, nem suas versões atualizadas podem fazer concorrência à nova espaçonave.

Em comparação ao Progress, cujo lançamento de duas toneladas de carga custa cerca de US$ 50 milhões, o novo equipamento permite levar para órbita seis toneladas de carga por US$ 100 milhões.

O único projeto russo que poderia fazer frente à Dragon faz parte do Sistema de Transporte Tripulado Promissor (STTP).

Exemplo disso é o projeto do foguete Angará que parece estar em fase final: as obras de construção de rampas de lançamento na base de Plesetsk estão em pleno andamento e o lançamento inaugural está previsto para 2013.

No entanto, enquanto parte dos planos do STTP existem apenas no papel, a Dragon já está pronta para seu primeiro voo.

Desse modo, a Rússia enfrenta o desafio de construir, num futuro próximo, um foguete capaz de competir com a nave Dragon e efetuar voos rumo à Lua e Marte.

Propulsores nucleares


Com o desenvolvimento de uma unidade de propulsão nuclear, o novo projeto russo pode ter uma perspectiva muito boa.

Os primeiros blocos podem ser montados já no próximo ano e os testes de protótipo em terra poderão começar já em 2014. Até 2017, o propulsor nuclear deverá ficar pronto para lançamentos espaciais.

De acordo com especialistas da agência nuclear russa Rosatom, a construção de uma unidade de propulsão nuclear para naves espaciais envolverá mais de US$ 247 milhões.

Em 2010, o governo disponibilizou para esses fins cerca de US$ 17 milhões e o valor total de investimento previsto para o período até 2019 supera US$ 580 milhões.

A NASA também lançou um programa semelhante em 2003 e até chegou a investir várias centenas de milhões de dólares antes de desistir da ideia e suspender seu financiamento.

Espera-se que um propulsor nuclear seja utilizado em missões no espaço profundo quando a potência dos painéis solares se tornar insuficiente para alimentar os motores elétricos a jato.

Uma unidade de propulsão nuclear gera uma potência de centenas de quilowatts enquanto os painéis solares podem gerar, no máximo, dezenas de watts.

As espaçonaves equipadas com propulsores nucleares podem ser usados como rebocadores espaciais para dar impulso a sondas de pesquisa, o que permitirá reduzir o tempo de voo em direção a planetas distantes e aumentar a distância de voos sem aumentar sua duração.

Além disso, os propulsores nucleares permitirão levar mais carga e melhorar a proteção das expedições contra a radiação, um dos principais obstáculos aos voos tripulados a outros planetas do Sistema Solar.

Correndo atrás do prejuízo


A Rússia já tem um foguete capaz de colocar em órbita uma nave de peso igual ou superior ao da Dragon.

Ele será lançado até o final de 2013 e pode servir de base para a construção de um foguete de nova geração. Porém, o país deve se apressar porque a ATV e a Dragon já estão prontos – tirando outros eventuais concorrentes como o CST-1000, da Boeing e o Cygnus, da Orbital Science.

Não foi definido quando o novo veículo lançador russo será construído, mas é evidente que a nave Progress não poderá permanecer em operação por muito tempo.

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