Músicos disputam melhor versão do hit “Bésame Mucho”

Com a ajuda do imortal hit “Bésame Mucho”, Consuelo Velázquez conquistou o mundo e, há quase 70 anos, cantores em mais de cem países procuram repetir sua façanha. Diversas estrelas do universo musical, como Frank Sinatra, Kenny G., Andrea Bocelli e Elvis Presley, fizeram suas homenagens à canção. Do mesmo modo, a alma russa não poderia permanecer indiferente a uma das canções mais envolventes do século 20.

1. MARCHA MILITAR

A sucessão de versões russas de “Bésame Mucho” foi iniciada nos anos 50 por cantores soviéticos. O primeiro deles foi o Conjunto Acadêmico de Canto e Dança do Exército Russo A.V.Aleksandrov, condecorado duas vezes com a Bandeira Vermelha. O maior conjunto artístico militar da Rússia nasceu nos anos 20, embora, nessa época, fosse apenas um pequeno grupo composto por não mais que 12 pessoas. Em dois anos, esse número cresceu até atingir 300 integrantes.

Consuelo Velásquez ficou emocionada com a versão militar de sua canção ao ouvir uma execução do conjunto. Isso aconteceu durante a visita da cantora a Moscou como membro do júri do concurso internacional Tchaikovsky. Segundo testemunhas, Consuelo ficou bastante comovida quando ouviu no palco a versão em marcha de sua "canção do coração".

O repertório do conjunto conta com mais de duas mil obras. São peças de compositores nacionais, canções e danças populares, danças de soldados, obras clássicas de compositores russos e internacionais, preciosidades do universo internacional da música.

 2. GRITO-FREAK

A cena musical contemporânea da Rússia não fica atrás de seus antecessores soviéticos na tentativa de criar uma nova leitura de “Bésame Mucho”. Alguns chegam a fazer uma nova versão de um cover anterior. Assim, por exemplo, o cantor russo Vitas surpreendeu em 2008 seus fãs no México, Brasil e Argentina com uma interpretação do próprio cover. A ideia surgiu às vésperas da turnê pela América do Sul. Levando em consideração a expressividade de sua voz e repertório, ninguém esperava uma outra variante dessa mesma canção. O cantor já havia então ganhado a reputação de “criador extraterreste” com “uma voz absurdamente alta que não está ao alcance demais seres humanos”. 

Vitas ficou conhecido pelo grande público em dezembro de 2000, quando apareceu inesperadamente no cenário musical russo e despertou interesse inclusive do público mais exigente, com seu jeito totalmente maluco. A grande quantidade de lendas que acompanharam Vitas ao longo de sua carreira invejaria até mesmo Lady Gaga. Há dez anos, Vitas fez seu público acreditar que sua penetrante e incrivelmente alta voz é explicada pela presença de guelras ou brânquias e que, por esse mesmo motivo, não dá entrevistas e geralmente fala pouco – somente canta, ou mais precisamente, grita de tal modo que, segundo rumores, estilhaça vidros e faz com que os espectadores desmaiem.

A imagem de homem-anfíbio foi trocada pela imagem de extraterreste, “sétimo elemento”, divindade ou simplesmente um garotinho com aspecto insano e movimentos de robô. Desse modo, consegue encher estádios com fãs que ultrapassam as fronteiras da Rússia e países da ex-União Soviética.

 3. GLAMOUR

Nos primeiros anos do novo milênio, o tenor russo Nikolai Baskov reinterpretou “Bésame Mucho” em ritmo de bolero. Nikolai ganhou o concurso de jovens cantores de ópera em 1998, mas, em vez de seguir o caminho tradicional na ópera, levou esse estilo aos musicais. Desde 2000, não deixou mais os palcos e tornou-se o artista favorito entre o público feminino do país, principalmente entre as mulheres acima de 40 anos. O cantor fez releituras de obras populares conhecidas, fascinando até hoje todas as avós russas, mas sem deixar de ser parte integrante do cenário pop. Atualmente, Baskov foi condecorado com o título de “A voz de ouro da Rússia”.

Os ouvintes russos adoraram sua interpretação de "Bésame Mucho" em um dueto com Liudmila Gurtchenko, famosa atriz de teatro, cinema e televisão. Gurtchenko já era a atriz mais popular da União Soviética nos anos 50 quando mergulhou de cabeça em sua carreira musical e lançou vários álbuns solo. Seu dueto com Baskov em "Bésame Mucho" é até hoje citado entre as três composições preferidas de seu público. 

  4. DALE, DALE!

Talvez a versão mais alternativa, ambígua e nem sempre bem-recebida da canção pertença ao Professor Lebedinski. Lembra mais uma paródia ou uma canção rural, porém sua função – conferir popularidade ao intérprete – é cumprida com êxito.

O Professor Lebedinski é um personagem recorrente. Barbudo e com cabelos longos, trata-se de uma figura emblemática na Rússia e, por isso, é adorado nas festas corporativas e, sobretudo, nos clubes mais distantes da capital.

Depois de trabalhar durante a agitada década de 90 no projeto “Dimensão russa”, Lebedinski partiu para carreira solo, presenteando o público com um cantor ou uma imitação de um cantor sob o pseudônimo de Professor Lebedinski. Com seu baixo bruto e áspero, aparência abandonada e letras provocantes, não deixou ninguém indiferente. Associando tal imagem à agressiva interpretação das canções, Lebedinski conseguiu novamente compor músicas dançantes; o cantor está agora gravando um curta-metragem com sua versão de “Bésame Mucho”.

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