Mais de 25 mil protestam contra fraudes nas eleições em Moscou

Foto: AFP / EastNews

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Demonstrações contra os resultados das eleições parlamentares marcaram este sábado (10) na capital e em diversas outras cidades russas

Segundo a polícia da capital, de 20 a 25 mil russos reuniram-se na praça Bolôtnaia, no centro de Moscou, para protestar contra supostas fraudes nas eleições parlamentares ocorridas no dia 4 de dezembro. Já a oposição fala de 40 a 150 mil. Autorizada pela prefeitura, a demonstração não teve registro violência ou detenções (veja imagens panorâmicas do protesto). 

Em outras cidades russas, porém, onde ocorreram manifestações não autorizadas, houve detenções. Segundo a agência de notícias Ria-Nôvosti, hoje 10 foram detidos em protestos em Kazan, 35 em Siktivkar, 10 em Rostov na Donu, 11 em Tla, 7 em Kirov, 10 em Petrozavodsk, 30 em Belgorod, 4 em Kostrom e 4 em Tchboksari, além de multas que foram aplicadas a organizadores de protestos não autorizados, como em Novosibirski.

“Essas flores brancas que eu carrego são símbolo de um protesto pacífico. Estou aqui porque as eleições não foram justas, riram-se do povo”, disse à Gazeta Russa a estudante de jornalismo Natália Shargatova, 19 anos, em Moscou. “Provavelmente fosse melhor refazer toda a eleição, não só recontar os votos. Mas se for feita apenas a recontagem e demitido [o chefe da Comissão Central Eleitoral Vladímir] Tchurov, já é um bom começo”, completa.

A mudança de local da demonstração causou confusão. Inicialmente os protestos foram marcados para a Praça da Revolução, mas a oposição decidiu acatar aos pedidos da prefeitura para obter autorização legal.

A principal reivindicação dos manifestantes era pela realização de novas eleições, e não somente pela recontagem de votos. 

“Eu não votei, porque já há muito tempo condução elementar das eleições é violada. 40% da população, segundo dados oficiais não participaram, e nem eu”, diz o professor Boris Sokolov, 40.

Havia, entretanto, quem ainda revindicasse maior competição interna no partido governista Rússia Unida. “Bom seria se o [presidente Dmítri] Medvedev concordasse em competir com o [primeiro-ministro] Pútin nas eleições presidenciais, isso sim!”, diz o aposentado Vitcheslav Nikolaievitch, 70.

Na última quinta-feira (8), o primeiro-ministro russo declarou que a crítica da secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton quanto às eleições russas foi o ponto de partida dos protestos. “Ela mandou o tom a alguns dos nossos homens públicos no país e deu um sinal. Eles ouviram esse sinal e, com apoio do departamento de Estado dos EUA começaram o trabalho prático”, disse Pútin à Ria-Nôvosti. 

Segundo resultados preliminares da Comissão Eleitoral da Federação Russa, o Rússia Unida continua, apesar de queda, a liderar os votos, com 49,4%. O Partido Comunista até então detém 19,1%, o Rússia Justa, 13,2%.

Mesmo não chegando a 50% dos votos, o Rússia Unida continua sendo maioria na Duma (parlamento russo), com 238 cadeiras de um total de 450.

Os resultados oficiais das eleições parlamentares devem ser divulgados até o dia 24 de dezembro.

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